PROFISSÃO VOZ - Por César Willian
É impressionante como os professores dos cursos de teatro imitam o mestre Tórtsov* quando o assunto é Voz. Parece que seguem passo a passo as aulas de Kóstia*, Paulo, Sônia, Grisha... Então, se você é bem disciplinado, consegue trabalhar sozinho e não liga ou não precisa dos certificados, vai economizar um bom dinheiro, e bota bom nisso: compre os livros de Constantin Stanislavski e beba direto da fonte, sem risco de engano.
Apesar de serem técnicas e experiências com cerca de 100 anos, são cultuadas, praticadas, exigidas, ótimas e atuais até hoje.
Aqui só dois trechinhos pra que tenha a ideia da importância da Voz para o Ator, Diretor, Pedagogo e Escritor Russo:
“Sem extensão, uma voz jamais poderá projetar a vida total de um ser humano.
_Quando perguntaram a Tommaso Salvini, o grande ator italiano, o que é que precisamos para ser intérprete de Tragédia, ele respondeu: “Voz, voz e mais voz!”... Quando sentirem as possibilidades que lhe serão abertas por uma voz bem colocada, capaz de exercer suas funções naturalmente predestinadas, só então o conselho de Salvini lhes revelará sua significação profunda.”
“”Minha voz é minha fortuna”, disse um célebre ator, durante um jantar em sua homenagem, enquanto mergulhava seu termômetro de bolso na sopa, no vinho e nos outros líquidos que lhe eram servidos. A preocupação com a voz o impelia a conferir a temperatura de tudo o que punha na boca. Isso demonstra o valor que ele atribuía a um dos maiores dons de uma natureza criadora: uma voz bela, vibrante, expressiva e poderosa.”
(grifos meus)
*Os personagens do mestre e aluno são vozes do próprio autor Constantin Stanislavski.
Algumas das poucas definições que recebi de 2015 para cá pelos jornais especializados em TV: “voz de locutor de supermercado”, “pior de todas as atuações no último capítulo de Os Dez Mandamentos”, “vendedor de sepultura”...
Certa vez eu usei o termo vozeirão para definir a voz de Ed Mota, por ocasião de seu CD Dwitza, e fui duramente criticado, porque aquilo não dizia nada a respeito da voz do cantor, segundo meu coordenador, que mudou de opinião depois que lhe mostrei que vozeirão define a voz muito intensa, timbre vocal forte, geralmente um barítono, ou também voz grave, segundo os melhores dicionários.
A preocupação do coordenador justificava-se: ele formava um especialista em Jornalismo Cultural, e este foi apenas um episódio entre tantos até a aprovação de um artigo que criticava exatamente a cobertura pelos jornais impressos da programação de Rádio e TV, na Universidade Metodista, então a melhor universidade de jornalismo não publica do país e por anos consecutivos. Que ironia.
Então, eis que deparo com a definição de “voz de locutor de supermercado” a meu respeito, na Folha de São Paulo, no trabalho que coroa minha carreira: a Voz de DEUS na novela de maior sucesso de todos os tempos da Record TV, e também da TV brasileira, Os Dez Mandamentos, uma vez que liderou a audiência, especialmente nos capítulos que contavam com a manifestação do ALTÍSSIMO.
Perguntei o que a jornalista especialista em entretenimento quis dizer com voz de locutor de supermercado, e ela respondeu que foi a melhor forma que encontrou para dar ideia de como era minha voz aos seus leitores. Avalie.
Antes disso, uma crítica vinculada à Revista Veja procurou ridicularizar minha estreia, comparando o trabalho com o de um ícone da locução de todos os tempos, porém, caracterizado por uma interpretação consagrada nos anos 1950, não tão usual na teledramaturgia mais recente, ainda que de grande valor e reconhecimento. Mas felizmente o público não engoliu.
Entre estas duas, um entrevistador pergunta o que nos meus anos de Locução Publicitária eu tinha anunciado de mais estranho. Lotes destinados a sepulturas particulares, respondi. E esta foi a manchete de sua matéria, algo como, Dublador da Voz de DEUS vendeu sepulturas.
Mas a pior deste entrevistador foi no início da novela JESUS tempos depois, sem qualquer outro contato antes sobre, por exemplo, A Terra Prometida, O Rico e Lázaro, Lia, ou a maior bilheteria do cinema nacional até 2016, e mesmo um musical no Teatro Procópio Ferreira. Assunto não faltou, mas... este repórter liga durante a exibição da novela, por volta das 21 horas em minha casa, para perguntar se eu havia perdido o posto da Voz de DEUS, uma vez que Paulo César Pereio gravou uma cena, exibida instantes antes da ligação, em que narrou o livro de Gênesis (já naquela época, muito aguardada como produção da Record TV).
Expliquei a ele, que Pereio vivia o profeta Simeão e lia para as crianças o trecho bíblico que continha a voz de DEUS, como ocorreu na novela anterior, em que atores liam trechos da Bíblia que traziam a Voz de DEUS, mas o faziam como narradores da história, e não como O PRÓPRIO DEUS.
Ele então perguntou se eu estava naquela nova novela. Disse que sim e que já havia gravado a cena do batismo de JESUS que foi ao ar dias depois. Então o jornalista disse que entraria em contato para fazer a matéria sobre esta cena. Ligou? Até hoje não. E por que depois, se já falava comigo? O interesse dele era falar sobre a minha possível dispensa como a Voz de DEUS.
Assim foi também com sua colega de trabalho da Folha, que depois de descrever minha voz como locutor de supermercado e receber minhas reclamações via a Ombudsman da Folha, ligou para saber se eu tinha contrato com a Record numa pergunta resposta: “você não tem contrato com a Record né?” Para minha alegria, tinha acabado de assinar. Nem precisava, mas a Record sondou em novembro de 2015 (até então só era remunerado a cada gravação) e em fevereiro de 2016 assinamos, e renovamos em 2017. Informação obtida, a jornalista do Ilustrada desligou e não publicou nada. Consegue entender?
Mas o fio condutor de tudo veio numa pergunta que uma outra jornalista de um Portal que dava nomes aos atores de todos os personagens, menos a mim como a Voz de DEUS também em O Rico e Lázaro, em sua primeira exibição: o senhor como locutor publicitário, o que acha destes locutores que cobram valores menores?
Pronto. Muito se explicava ali, pois o que tem a ver a pergunta com a novela, dublagem, dramaturgia...? Nada. Mas é uma crítica comum, aliás, uma mentira, de profissionais que praticam valores menores do que eu, até metade do que cobro, usam para desqualificar-me.
Como é de conhecimento de alguns, senão todos que leem estes meus relatos específicos dos que trabalham com Voz, existem fraternidades artísticas que agem secretamente, e envolvem além dos profissionais da voz, produtores, sonoplastas, proprietários de emissoras, jornalistas, e até autoridades públicas e religiosas. Se não fosse a clandestinidade, a formação de cartel, corrupção, a concorrência desleal e predatória que atrasa, perseguição, mentiras... até poderia ser algo positivo e até necessário. Mas infelizmente a finalidade não é zelar pela profissão ou do que é correto, e sim, interesses de alguns “profissionais” e cúmplices, alguns que nem sequer participam da fraternidade ou sabem o que estão fazendo, desde que estejam bem com quem tramam.
É assim desde 1997 quando me juntei a uma greve com os Dubladores por salários, benefícios e encargos sociais em atraso numa rádio que trabalhava, e lá fui ameaçado de que nunca voltaria a trabalhar noutra emissora. Infelizmente o que disse isso faleceu jovem, e creio que não falou por si, pois de seus superiores já ouvira algo semelhante sobre outros profissionais que eles se gabavam de impedir que trabalhassem, como já relatei aqui. Infelizes.
Outro exemplo para ilustrar esta teoria foi a matéria sobre o último capítulo de Os Dez Mandamentos, dando conta que eu, identificado pelo nome (raro), era o pior dos piores. Realmente há cenas em que o sonoplasta acelerou e retardou algumas falas, quero crer eu que para sincronizar com alguma imagem, e isso não ficou bom, e o porque não me chamaram para refazer sincronizado, também não sei (quero pensar que seja tempo, pois gravávamos muitas vezes no mesmo dia que ia ao ar).
Pense comigo: ninguém me conhece hoje. Quanto mais no final de 2015. Sempre que escreviam sobre O PERSONAGEM que interpretava, ao contrário dos demais, meu nome não era citado, nem entre parênteses como é o hábito. Por que então alguém se daria ao trabalho de identificar meu nome como o pior de tudo que a novela apresentava? E quando falo tudo, é tudo mesmo: nenhum figurino, nenhum efeito, nenhum cenário, nenhuma falha, era pior do que eu, segundo este jornalista, que avaliou todo o capítulo como ruim, mas eu pior, e neste caso, identificou o meu nome, o que não fazia, nem voltou fazer.
Mas não parou por aí. Além de dizer que eu era o pior, a matéria procura justificar, informando que eu era “apenas” um locutor, provavelmente a mesma ideia que tentou passar a crítica de Veja ao comparar com um (locutor). Mas ambos estão duplamente equivocados. Primeiro ao usar “apenas”, um advérbio de exclusão, que indica que um locutor deve algo ao ator, ou não possui alguma qualidade que este tenha, necessária para interpretar com a Voz. E segundo, não saber que este Locutor Dublava. Portanto um Ator. E por que não sabiam? Porque o de Veja nem se deu o trabalho de saber quem era a pessoa sobre a qual escrevia sua crítica, e o da Folha por não ouvi-lo (tenho receio de saber como ele soube meu nome, atividade, prerrogativas, histórico...). Comigo não foi. E creio que sou a melhor fonte de informação a meu respeito, absolutamente isento.
Junte-se a isso também o fato de a Record também sofrer injustiça da mídia, especialmente por sua ligação com a Igreja Universal e ter entre seus talentos pessoas envolvidas com esta obra, como se um religioso não pudesse gerir uma emissora, ou dirigir uma produção, o que os resultados cada vez mais afirmam o contrário, especialmente se o conteúdo é bíblico, espiritual.
Aqui vale a pena mencionar o preconceito do título de uma das matérias: “Voz de DEUS é encontrada por Bispos”. O jornal “não se deu conta” de que estes Bispos eram respectivamente o Vice Presidente Artístico e o Presidente da Rede Record, além do que, informando “Bispos”, alimenta a mentira de que as produções bíblicas não levam em consideração os profissionais da dramaturgia, e se esquecem que toda a manifestação artística, que inclui a dramatização, nasceu em cultos, desde a Grécia, Egito, das cavernas.
Eu nunca tive vergonha de fazer trabalhos que promovem os valores do Reino de DEUS. E soube que muitos se recusaram a fazê-los, de modo grosseiro, no final dos anos 1990, início dos anos 2000. É incrível que alguns atores até ridicularizaram esta obra na Globo, e depois buscaram este trabalho na Record... É tudo profissional, quando o profissional deixa de ser vocação, e passa a ser dinheiro, fama.
Mas apesar das críticas e dos escárnios, passei de Os Dez Mandamentos para outras produções do mesmo segmento, com outras produtoras, diferentes diretores e escritores, e mesmo com o fim do RecNov em 2016, fui contratado pela e para a própria Record, o que caracteriza inconteste as fortes personalidade e independência da contratante, pois em meio a tantos talentos no Mercado e na Emissora, e debaixo de tantas críticas que me desqualificavam, ela contou comigo para Dublar O PERSONAGEM que sua Direção mais estima e teme em todos os mundos. Um Milagre.
Graças a DEUS.
Não preciso dizer que existem ótimos jornalistas, e mesmo os quatro que relato aqui, procuro me relacionar bem, pois a finalidade deste é colaborar para um jornalismo sem fins de exaltar ou destruir, o que é facílimo, mas tão somente informar a verdade.
A própria Folha, que descreveu meu nome como o pior de Os Dez Mandamentos, e minha voz como de locutor de supermercado, foi a mesma que mencionou meu nome para destacar a Voz de DEUS quando a Record abriu 10 pontos sobre a Globo, fato que só foi registrado outras duas vezes na história, numa final de campeonato que era exclusiva da Band, e na novela Pantanal da Rede Manchete, que tinha na nudez total de boa parte do elenco um grande atrativo, sem desmerecer a direção de Monjardim, paisagens belíssimas e trilha sonora inovadora.
Claro que encerro agradecendo aos bons jornalistas e aos meus contratantes, não só a Record, mas todos aqueles que ao receber uma informação, especialmente as difamatórias e que desqualificam, perguntam, para quem, e qual a finalidade de informar isso? É uma boa forma de apurar a verdade, nada mais que a verdade. Atitude que qualifica, dignifica e separa os melhores.
O artigo deste mês é a reprodução de uma reportagem da Jornalista Fernanda Lopes para o Notícias da TV do Portal UOL, que a exemplo de Regiane Jesus para O Dia (hoje no Extra), ou Carolina Rossini para Minha Novela da Editora Caras, fazem um trabalho verdadeiro, íntegro, límpido, imparcial, como deve ser o bom Jornalismo. Muito obrigado. Leia:
Para César Willian, a oportunidade de ser a voz de Deus em todas as novelas bíblicas da Record é mais do que um trabalho: é uma experiência espiritual. O dublador de 54 anos atua na emissora fazendo a voz do Senhor desde Os Dez Mandamentos (2015) e acredita piamente no que profere. Evangélico, Willian afirma que conversa com Deus e que já ouviu profecias e ordens Dele.
Willian conta que seu contato mais intenso e mais marcante com Deus aconteceu durante um culto da congregação que ele frequenta, a Igreja Batista, em 1998.
Ele estava num momento de dificuldade, ganhando muito mal como locutor de rádio em São Paulo. "Eu já tinha ouvido algumas profecias dizendo que algo bom ia acontecer na minha vida. Isso acontece em algumas igrejas pentecostais. Num final de semana, num culto, o Senhor falou comigo: 'Larga aquilo que eu tenho coisa melhor pra você'. Desse jeito, nessas palavras. Era como se eu fosse chacoalhado, bem forte. Eu chorava, meus olhos pareciam uma cachoeira, um negócio louco", lembra.
Willian diz que duvidou das palavras e ouviu a voz de Deus novamente nos cultos. Até que decidiu largar o emprego. Na mesma semana, ele recebeu proposta para fazer teste para uma campanha política na Bahia.
"Eu fui aprovado. E o salário era coisa que eu só ganharia em uns três anos [no antigo emprego]. A questão financeira nem foi o grande lance, mas sim a capacitação que esse trabalho me possibilitou. A partir dali tive um portfolio muito melhor pra me apresentar e disputar trabalhos", lembra.
Hoje, Willian é locutor e dono de produtora audiovisual. Após fazer muitos trabalhos para o mercado publicitário, em 2014 ele foi convidado para ser o narrador do vídeo de inauguração do Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, em São Paulo. Logo depois, foi chamado pela diretoria da Record para fazer teste para Os Dez Mandamentos e passou.
Desde então, Willian já atuou como a voz de Deus em seis novelas. Está no ar atualmente em Jezabel, e diz que cada trama teve uma versão diferente do Senhor. Em A Terra Prometida (2016), Deus tinha uma voz mais amiga, e em Jezabel a voz é como se fosse dentro da cabeça do profeta Elias.
Além de emocionar o telespectador e conquistar o reconhecimento na área de dublagem (ele revela que seu cachê aumentou após as novelas), Willian se preocupa em agradar ao próprio Deus e alcançar sua evolução espiritual.
"Vivo num processo cada vez mais crescente com o Senhor, de buscar cada vez mais sua vontade. É o que a gente chama no protestantismo de santificação. Certamente meu trabalho com a Record intensificou muito isso. Quero fazer o melhor possível para dignificar o nome que estou representando, no momento da atuação busco a plenitude na relação com Deus", declara.
Confira um trecho da voz de Deus interpretada por Willian em Os Dez Mandamentos:
https://youtu.be/NgUOQYugKCs
Eis o link da matéria no UOL:
https://noticiasdatv.uol.com.br/mobile/noticia/celebridades/voz-de-deus-da-record-dublador-diz-que-ja-ouviu-ordem-do-senhor-em-culto-27126.amp
PÁSCOA SIGNIFICA PASSAGEM.
A PASSAGEM DA MORTE QUEM NÃO AGE ONDE HÁ O SANGUE DO CORDEIRO.
CORDEIRO SEM DEFEITO.
PARA ALGUNS, LIBERDADE, A DERROTA DE QUALQUER TIPO DE ESCRAVIDÃO.
PARA OUTROS O PERDÃO.
HÁ AINDA OS QUE ENTENDEM COMO RENASCIMENTO, RENOVAÇÃO.
E OS QUE ACREDITAM SER A RESSURREIÇÃO PARA A VIDA ETERNA.
POR FIM, TUDO ISSO, PELA GRAÇA NA FÉ EM JESUS CRISTO.
FATO É QUE NINGUÉM PODE SER INDIFERENTE.
PARA OS DA VOZ, A LIBERDADE DE PROFERIR O QUE É CERTO.
NÃO DIFAMAR, NÃO CALUNIAR, NÃO MENTIR, NÃO PREJUDICAR.
DIZER A VERDADE, GARANTIR CREDIBILIDADE, AINDA QUE COM PRÓPRIO PREJUÍZO.
REPRESENTAR BEM PESSOAS E IDEIAS QUE INCORPORA.
LIVRE DA MANIPULAÇÃO DA AVAREZA, DA FAMA, DA INVEJA.
COM FÉ E BOM ÂNIMO PARA RENASCER A CADA TRABALHO.
CERTO DE QUE A PALAVRA PROFERIDA, COMUNICADA,
PERMANECERÁ PARA SEMPRE,
SEJA NA MUDANÇA QUE PROVOCA NO OUVINTE,
NA HISTÓRIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO,
OU SIMPLESMENTE NO CORAÇÃO DE QUEM A PRONUNCIOU.
FALAR O QUE VALE A PENA VIVER.
VIDA!
FELIZ PÁSCOA.
Parece óbvio, mas a prática diz que não.
Então, é bom garantir o esclarecimento, apesar de ser um assunto já tratado aqui, por ocasião de um grande show mundial.
Mas vale também para os trabalhos com marcas menores, locais.
Antes, a ressalva de que os casos reais são usados não para constrangimento alheio, mas para ir além da teoria, pois creio que a melhor forma de descrever todos os aspectos de uma profissão é com casos práticos para seu maior e melhor entendimento, e mais do que como testemunha, ator nas mesmas.
No fim do ano passado um querido amigo inocentemente usou uma Locução minha de anos atrás para assinatura de um comercial. Tenho convicção de sua inocência por ele ter postado nas redes sociais o anúncio e ainda com crédito ao meu nome. Como não lembrava de ter gravado, perguntei a ele o que era aquele anúncio com a minha voz. Ele tranquilamente respondeu que tirou de um trabalho antigo e montou neste novo, e nem se deu conta do problema.
Mas qual é o problema?
A Locução paga não pode ser usada como o contratante quiser?
Não.
A Locução Publicitária é parte de uma obra, geralmente comercial.
Uma nova obra, ainda que use a velha Locução, é um novo trabalho, e provavelmente cobrado do usuário final.
Mesmo que o Profissional não tenha que gravar novamente, a Voz sendo usada numa produção diferente da original só o pode com a autorização deste e a esperada retribuição por tratar-se de fato econômico.
Simples.
O valor geralmente é um percentual do original, sendo 50% o mais comum, mas evidentemente a critério do Profissional da Voz.
Tudo pode ser negociado.
O que não é possível, legalmente falando, é usar a voz para um trabalho diferente do contratado sem autorização, seja o todo ou parte.
Fica aqui este esclarecimento, pois estou certo de como meu amigo, outros cometem este erro.
No caso dele, sem qualquer intenção de fraude.
Mas nem sempre podemos ter esta convicção.
Assim, é melhor prevenir.
Bom e legítimo trabalho, pra todos. Todos.
Poderia falar do Radialista e Evangelista Carlos Apolinário, mas farei um recorte muito menor, específico da minha convivência com este Deputado, que presidiu a Câmara e por isso, também Governou São Paulo na ausência do Titular.
Na verdade falarei mais de um momento importantíssimo da minha carreira que culminou num belíssimo divisor de águas, semelhante ao mar que se abriu em 2015, pra fazer uma justa analogia, na qual o Evangelista Carlos Apolinário foi Instrumento de DEUS para me abençoar, e este relato explica muita coisa de um período obscuro para muitos, dos idos de 1997, e vejo neste lamentável fato do ultimo dia 15 uma oportunidade de trazer à memória tais fatos.
Apolinário salvou a Emissora que eu trabalhava, em que tinha seis meses de salários em atraso. Um dos que menos tinha. A faxineira estava com férias e décimo terceiro de outros anos em atraso.
Como já disse, era 1997. Havia iniciado nesta Rádio em 1996, após enviar uma fita K7, tão bem aceita pelo Paulinho, quando era tida pelo Ibope como a última colocada, o que a levava a veicular uma vinheta desmentindo, no estilo consagrado de Walker Blaz, que por sua vez, dividia a primazia dos colaboradores desta empresa com Valeria Grillo. Eram os primeiros dos funcionários, ou seja, o projeto inicial da Emissora era de excelência absoluta, tanto que a ouvia exatamente por ter músicas fora do comum e de muita qualidade, o que era chamado na ocasião de jovem e qualificada.
Mas o idealizador, realizador, fundador, dono da Emissora faleceu, e os herdeiros não conseguiam vender um comercial nos anos que lá trabalhei. Já haviam perdido as empresas do grupo, que contava com restaurantes importantes, agência de publicidade e produtora de áudio na região do Ibirapuera, depois da morte do pai.
Após perderem também uma igreja que alugava o horário das 8 às 11 da manhã e que até então era o que mantinha a Rádio, não tinham mais como seguir, e apesar disso relutavam a alugar toda a programação a outras igrejas protestantes que faziam ofertas neste sentido, as quais tomavam como aproveitadores, ladrões, como me foi dito quando deles cobrava uma providência para receber meus atrasados e sustentar minha Família.
Foi quando o Sindicato dos Radialistas nos visitou, como fazia periodicamente, e propôs uma greve após entrevistar os funcionários, que até aquele momento omitiam estas informações.
Participamos então da reunião na sede deste Representante Legal dos Trabalhadores e a maioria aceitou a proposta.
Foi uma ação bem planejada em conjunto com os Dubladores, com folhetos e o carro de som que destacava que Rádios que atingem o mercado mais desejado do país, São Paulo, tem também a finalidade social e são uma concessão do Estado, ou seja, pode ser revogada. Isso para acordar os herdeiros para a seriedade do assunto frente a tão fácil solução que eles recusavam acatar, desconsiderando os direitos e necessidades de todos os colaboradores, em nome de um orgulho que eles não tinham como bancar.
Fui ameaçado logo no primeiro dia de greve de que nunca mais trabalharia numa Rádio em São Paulo, que minha carreira acabava ali. E infelizmente esta era uma prática destes herdeiros, pois outros locutores que se desligaram e reclamaram na Justiça seus direitos, tiveram este destino, a perseguição, conforme a mim foi reclamado por um deles em visita, na época, professor de locução no Senac.
Eu acreditei, pois numa das visitas que fiz à sede na região do Ibirapuera (a Rádio ficava na Paulista), os herdeiros me disseram que a minha companheira de trabalho, locutora, atriz e fluente em alemão só não estava no Clube da Voz porque eles não queriam. Não disseram como faziam isso, mas é fato que dois dos primeiros membros do Clube foram os primeiros funcionários registrados na Rádio que herdaram. Independente disso, o que se destaca aqui é a preocupação destes herdeiros em ditar quem entra ou sai, ou perseguir quem busca seus direitos. Era uma característica dos mesmos que nunca tiveram vergonha em revela-la. Pelo contrário, pareciam usar como demonstração de força, poder.
Paradoxalmente, esta funcionária impedida de participar do Clube da Voz, conforme declaração dos próprios, foi chamada em meio a greve para fazer um acerto por fora, ou seja, receber seus atrasados fora da Negociação conduzida pelo Sindicato, e a mesma convidou o restante do grupo, os poucos que tinha, para fazer o mesmo, inocentemente acreditando que o motivo da greve fora atendido. Porém, eu a adverti que não era assim, pois a greve é documentada junto ao Ministério do Trabalho, e a proposta dos herdeiros tirava este importante intermediário que viabilizou a ação que corrigia as injustiças de anos destes empresários.
Após uma semana Carlos Apolinário assumia, quando todos os atrasados foram pagos e o recolhimento dos encargos sociais, que não eram depositados há meses, foi também efetuado. Parecia um sonho. Foi uma conquista. Uma grande Vitória. Graças a DEUS.
Surgia uma das primeiras Emissoras com programação 100% Gospel numa época em que isso era uma novidade entre as Rádios legais.
E eu, o único Locutor aproveitado na nova programação.
Já convertido ao protestantismo na época (desde 1986), mas afastado da Igreja, ao ouvir 5 horas seguidas de Música Evangélica, me sentia no Paraíso, e abracei com força toda aquela transformação, tanto da Emissora, como a minha. Em pouco tempo já estava frequente novamente na igreja, aliás, sua membresia que acompanhava a mais nova Emissora Cristã, me convidou através do telefone da Rádio a participar de cultos especiais na igreja em que me batizei, casei e apresentei meus Filhos.
Carlos Apolinário foi um chefe correto, duro, exigente, dinâmico, transparente, enérgico, tanto que o funcionário que não atendia sua expectativa não durava um mês após avisos. Aprendi muito com ele, como chegar 15 minutos antes “caso fure um pneu”, dizia, ou ponderar bastante as palavras antes de emiti-las, pois, um público de Fé nos ouvia, e qualquer vírgula poderia mudar uma vida.
A CWRB já existia desde 1994, mas micro, talvez nano empresa, não dispunha de um computador ainda, que custava uns 4.000 reais e o maior HD era de uns 3 GB, ou seja, 0,3% do que o mercado dispõe hoje a menos da metade do preço dos mais populares.
Pedi ao Deputado e fui prontamente atendido, para que fosse demitido da Emissora para depois ser contratado pela Empresa dele e continuar servindo-o como o Locutor do principal programa, das 14 às 19 horas, Tarde Sucesso, de modo que a indenização por rescisão servisse como recurso para que montasse o Estúdio Digital (até então eu dependia do equipamento de terceiros para esta atividade).
Mas passado o mês de aviso prévio e feita a rescisão, os herdeiros donos da Emissora ouvindo que eu seguia no ar, pediram ao Evangelista que não seguisse comigo ameaçando-o de cancelar o aluguel da Rádio. E assim fui demitido definitivamente, mesmo contra a minha e a vontade do Deputado.
Ainda segundo o Evangelista, os herdeiros estavam aborrecidos por considerarem que eu liderei a greve. Ainda que eu o fizesse, deveriam ser gratos, pois ainda hoje, cerca de 12 anos depois, longe de greves, e até recuperando pelo menos um restaurante, ainda alugam a Emissora à outras denominações das Igrejas Protestantes, ou seja, o que relutavam em fazer em 1997, hoje é o modo de manter a Emissora, e mais que isso, o conforto que o numerário envolvido possibilita. Eu até os procurei para conversar pessoalmente, mas nunca fui recebido. Deixei brindes, recados, mas nunca fui respondido. Ainda que haja rumores que me perseguem em Emissoras, pedindo meu afastamento, e trabalhando contra o meu êxito, eu não os desejo mal. Pelo contrário. Apenas lamento que pessoas gastem tempo em prejuízo de outro, no lugar de realizar seus projetos, no caso deles um que eu apreciava muito, da primeira rádio 100% Country do Brasil. Mas preferem trabalhar pela demissão, como fizeram comigo por vezes, e não só em 1998 com Apolinário. Realmente lamentável. Perda. Derrota. Não minha.
Claro que nossa história não acabou aí. O melhor ainda estava por vir. Muito melhor!
Fui trabalhar em outra Emissora com salário menor, a CWRB havia deixado as rádios personalizadas que criara no seu início e ainda engatinhava na Gravação de Locução para Publicidade. Em meio a tantas dificuldades e expectativas, a Espiritualidade foi mais estimulada, pois a Fé em DEUS nunca se perdeu.
Peço licença para falar em Espiritualidade, em Fé, pois apesar de ser normal para mim o zelo de DEUS também pelo meu Trabalho, pelo abrir portas e defesa dos que agem desonestamente comigo, alguns que leem este blog podem não acreditar ou considerar inadequado. Mas não há como falar do Evangelista Carlos Apolinário, sem falar de Fé, de Espiritualidade, ainda mais ele que era da Assembléia de DEUS.
Eu congregava numa igreja de doutrina semelhante à da Assembleia de DEUS em 1998, quando comecei a viver Experiências Espirituais, apesar de convertido nesta mesma Igreja desde 1986.
Recebi de DEUS diretamente a instrução de que de deveria deixar a Emissora que trabalhava, pois algo muito melhor viria. Assim foi. Em 1998 o primeiro divisor de águas de minha Carreira como Profissional da Voz aconteceu ao participar da Campanha Eleitoral como Locutor principal na TV para o PFL baiano de Antônio Carlos Magalhães, ao Governo e Senado, através da Propeg, uma grande Agência, cercado de grandes produtoras e os melhores profissionais. Tudo era de extrema qualidade e me valeu o início de um Portfolio respeitável, de melhor qualidade. A Obra Espiritual foi muito grande, pois soube que renomados locutores ofereceram propina para pegar o trabalho, foi uma concorrência com pelo menos um dezena deles, e mesmo assim, meu nome, um desconhecido, foi mantido.
Em 2002, voltei a ser chamado para fazer a Campanha de ACM ao Senado da Bahia, e até iniciei o trabalho, mas já comprometido com uma Campanha ao Governo de São Paulo, não pude atende-los como queriam. Assim participei exclusivamente da Campanha de quem? Isso mesmo. Carlos Apolinário, Governador. São Paulo nas Mãos de DEUS.
Diferente da Campanha do PFL baiano, Apolinário dispunha de apenas 30 segundos, mas ainda assim teve um resultado excepcional, a frente de nomes de peso na época, como Posella de seu ex PMDB e do ministro Cabrera que contava com o apoio de Ciro Gomes, ambos com partidos, horários e produções muito maiores.
Voltou ao Poder Legislativo de São Paulo, e ao mesmo tempo conduzia programas evangelísticos no Rádio em outra Emissora, provavelmente seu trabalho mais importante, o de propagação do Evangelho de JESUS CRISTO.
Fica aqui minha gratidão pela Vida de Carlos Apolinário, pois se ele não tivesse resgatado a Ràdio, e me dado uma oportunidade em sua revolucionária programação em 1997, que abençoou a mim e minha Família em todos os aspectos, os caminhos para Os Milagres de DEUS, que certamente incluem nosso Encontro, não teriam acontecido.
Muito, muito obrigado.
DEUS console e fortaleça a Família e Amigos.
Não é incomum no meio artístico a defesa veemente de seus segmentos, da especialização.
O ator, diretor, sonoplasta, produtor, editor...
Tudo, porém, depende do momento.
Em alguns pode-se tudo, pois é arte, expressão, todos são tudo.
Noutro acusa-se desrespeito e consequente desvalorização.
Questão de interesse, portanto, e não de nobreza ou amor à arte.
Claro que há críticas legítimas, e todas devem ser levadas em conta para crescer, melhorar.
A diversidade de saberes e funções muitas vezes é resultado de necessidade ou aperfeiçoamento, do fluir da carreira. Nunca de desrespeito.
Quem em sã consciência buscaria uma nova atribuição em ofensa aos seus representantes?
E se o faz em desconhecimento, logo, sua culpa é falta de sabedoria da qual talvez nem seja responsável. Limitação. Ofensa e desrespeito são voluntários, intencionais.
Já Publicitário, desenhista e redator, tornei-me Profissional da Voz visando a Publicidade.
A absurda proteção do mercado, nada inteligente, que pergunta na porta quem te indicou antes mesmo de conhecer seu trabalho, fez-me buscar a produção, para que pudesse quebrar as barreiras protecionistas da grande maioria das produtoras de áudio, que são as especialistas no Mercado Publicitário, ou pelo menos, as mais procuradas para ele.
Não foi desrespeito ao produtor, ao sonoplasta, aos engenheiros de som ou ao sound designer.
A Locução Publicitária busca maior verdade do que a de Rádio e TV. Assim o Teatro no início dos anos 2000 foi o melhor caminho pra atender melhor esta exigência, a de melhor interpretação, que é constante.
Tornei-me Ator, não para desvalorizar o Ator ou desrespeitá-lo, mas para poder atuar como Dublador, pois é de entendimento do Meio que o Dublador só pode sê-lo se Ator for.
A Especialização em Jornalismo Cultural teve o mesmo objetivo: oferecer ao mercado maior confiabilidade ao Profissional de Voz contratado, pois quanto maior conhecimento tiver aquele que expressa ideias, melhor irá fazê-lo, maior repertório terá, e melhor processará os diversos textos propostos num mercado tão amplo e diverso.
Nunca foi a ideia ofender o Jornalista.
E quando além de atender o Patrocinador, passamos a fazer também o Conteúdo, que é tão melhor enquanto independência artística e especialmente propósito de existência, todo este esforço fez sentido, ou seja, é Graça de DEUS, e justifica todas estas atribuições como um preparo, que aliás, é permanente.
Estar sempre preparado não só é bom como indispensável, mas melhor é ter a humildade e disposição para aprender, aperfeiçoar, melhorar, evoluir, por mais alto que já se tenha chegado.
Assim, a especialização do Profissional da Voz, passa sim pelo conhecimento de outras atribuições e saberes, que o fazem cada vez melhor, e se assim o é, não faz para desrespeitar, ofender, tirar trabalhos, desvalorizar quem quer que seja, muito menos os melhores. Pelo contrário, os valoriza, pois quem busca saberes e aperfeiçoamento constante, leva muito a sério o que faz e a quem atende, e este respeito inclui seus pares e referências.
Tivemos um presidente que manchou sua história sem qualquer necessidade.
Isso se repete entre outros políticos, grandes empresários e... Locutores.
Certa vez fui indagado por aceitar um trabalho de uma das maiores redes varejistas na tv. Segundo este que se sentiu no direito de arguir-me, eu deveria procurar o Locutor que vinha fazendo tais anúncios para saber o porque ele parou de fazer.
Não precisava, mas expliquei ter participado de uma concorrência com outros profissionais, inclusive, o profissional anterior também foi convidado, e pela graça de DEUS fui o escolhido, e disse que ligaria ao que perdeu a gravação das ofertas.
Bem, este caso já foi relatado aqui. A novidade é que este senhor gravou um anúncio que eu faço desde o início dos anos 2.000, de modo irregular quanto a frequência, mas com maior periodicidade desde 2017 e ultimamente todo mês.
Você acha que ele me procurou pra saber o que ocorreu?
Não.
Mas eu explico mesmo assim: a agência achou ruim eu não cobrar como alteração, o que reduziria o custo, um anúncio modificado em duas fases. Isso mesmo. Altera uma vez pra chamar de alteração, e depois pede nova modificação, não solicitada inicialmente para não ser considerada uma nova gravação, e o custo inteiro. Pois é. Isso acontece na Publicidade que está entre as maiores do Planeta.
Mas o destaque aqui não é para a agência de varejo, que em geral são difíceis de trabalhar mesmo, mas para o locutor que têm décadas de experiência, excelentes trabalhos, um talento enorme e um nome proporcional a tudo isso, ou, tinha.
Por duas vezes trabalhei em emissoras nas quais ele também tinha registro, e numa delas soube que ele pediu o meu afastamento.
Depois solicitou ao sonoplasta de uma emissora de tv que reduzisse minha voz nas chamadas, o que ficou evidente quando este saiu de férias e a voz milagrosamente ficou ótima.
Tudo isso testemunhado por produtores e seus colegas de profissão que confirmam a postura.
A razão disso: mistério absoluto. Até a maçonaria já foi listada.
E já que falamos em seus colegas, eis que também ligam para mim para que eu aumente o preço, pois entre eles combinam valores, ignorando completamente a lei 12.529, que trata tal prática como crime.
Isso sem falar nos bônus oriundos de superfaturamento, seja para a produtora de áudio, seja para a agência, em prejuízo do anunciante, e, claro, do consumidor final, todos nós, como também já foi relatado aqui recentemente.
Lamentável.
Vamos trabalhar... com liberdade, coerência, ética de verdade, na prática, com honestidade e respeito, a todos, não só aos da fraternidade, que em geral são faltosos e mesmo assim pedem ação contra os concorrentes, no lugar de corrigir suas próprias falhas, não aceitas nem nos seus estatutos. Novamente incoerência.
Promover uma reserva a título de sobrevivência ou valorização, denuncia a precariedade dos que se apresentam como os melhores. Se assim o são, não precisam de manobras nojentas, desonestas e criminosas.
Trabalhem, recebam o que pedem, e pronto. Simples e legal. Ah! Não esqueçam da nota.
Não é possível que o avanço da idade e da experiência não tenha trazido respeito pelo ser humano e a necessidade de investimento na Eternidade, quando tudo é trazido às claras.
Até os amigos mais próximos não suportam mais, e se o fazem, é apenas por este procedimento clandestino, mafioso... nunca por respeito ou amizade.
Aproveite a grandiosidade que ainda lhe resta, pois é realmente um imenso talento, e mude tudo isso.
Limpeza!
Feliz 2019. A todos. Todos.
Eu sossegado achando que esta porcaria estava se acabando, e eis que está mais forte do que nunca.
Alguns, preste atenção, alguns, locutores, produtores de áudio, de áudio, agências de propaganda e até os responsáveis do contratante final, participam de um esquema de encarecimento dos trabalhos para dividir “comissões” encobertas, ilegais.
O valor do cachê do locutor é multiplicado por três, com a conivência deste em troca de trabalho, que repassa aos seguintes. O mesmo ocorre com as etapas seguintes, e surpreendentemente muitas vezes com o conhecimento do representante de seu contratante.
Apesar do objetivo ser a denúncia para a devida tomada de providências, nenhum nome será mencionado, até porque tenho amigos que se rendem a isso, alguns por não encontrarem outro caminho para o desenvolvimento de seu trabalho da forma que desejam. Apesar de não condená-los, não há como negar que a prática é errada, prejudicial, desleal e provoca muitas distorções. Mas há quem prefira só tratar os sintomas. Mais uma vez não condeno os envolvidos, mas o que estimulam e criam, não como não notificá-los.
Darei três exemplos reais, dentre os muitos que tenho conhecimento, dois deles recentes, o que trouxe não pouca perplexidade e motivaram este artigo:
No Rio de Janeiro uma produtora acertou com um locutor a exclusividade dele, de modo que quem o procurasse fora dela, pagaria cinco vezes mais caro do que esta. Não parece ser tão sujo, assim como não parece a formação de cartel por alguns, alguns locutores. Mas é. O locutor não trabalhava em outra produtora e nem a produtora contava com outro locutor.
Casos recentes:
A agencia não quis receber minha nota fiscal por minha gravação, pra receber só a nota de sua produtora de áudio de sempre, que cobrou 4 vezes o meu custo. Qual a explicação disso? Acho que não saberei, pois as duas envolvidas na transação saíram da agência.
Por fim, tive minha gravação substituída, ainda que paga, por que não estava em conformidade com o padrão de áudio que a emissora exige. Detalhe: tenho mensalmente comerciais exibidos na Rede Globo que é de longe a mais exigente de todas, e por anos também fiz as gravações de muitos produtos da Editora Globo que pertence ao grupo, tudo em meu estúdio. Então foi só uma desculpa para a tal produtora entrar e faturar múltiplas vezes o custo que eu apresentei, e o faço com tabela, de forma transparente, previsível e em conformidade com o mercado, aliás, de maior valor que famosas produtoras de áudio tem oferecido como cachê. Inconsistência total.
O tal BV, ou seja que nome tiver esta comissão, já foi condenado pela imprensa especializada, como Meio e Mensagem em 2015, motivada pelos primeiros meses de Lava Jato.
Como disse, não vou citar nomes, mas há alguns bem conhecidos de todos, desde o "Mensalão" ao "Petrolão", já presos, que mancharam a tão “premiada” Publicidade Brasileira.
Falando nisso, lembrei de mais um caso de uma agência super premiada, que pediu orçamentos falsos para atender sua cliente multinacional, ao que claro recusei, e então cancelaram meu trabalho que já durava um ano e buscaram seus parceiros de sempre que não tem problema em produzir documentos enganosos.
Antes de tudo isso, por muito tempo eu acreditei na tal postura de mercado que alguns ostentam, até descobrir que os tais são os piores, que não só se rendem a “esquemas”, como os promovem e de modo doentio querem controlar o mercado. Algo que até uns 30 anos atrás era visto como estratégia nas cadeiras das universidades.
Podemos ser muito melhor que isso.
Meritocracia! Transparência! Honestidade! Sinceridade! Liberdade!
Não dá pra confundir lealdade com passar a perna nos outros. Isso é fraqueza mesmo, covardia, a declaração expressa de derrota, pois sem os “esquemas” quem seriam estes?
Lamento, mas estou com nojo, e desejo que isso mude e os profissionais do futuro encontrem um mercado sem o “jeitinho”.
Não dá só pra cobrar um Brasil novo, dos outros. E a nossa parte? Esta tem que ser a primeira a ser feita, por lógica e está em nossas mãos.
Não venda seu nome, sua honra. E pra quem já o fez, recupere, mude a história. Pode ser que você não faça muitos e os melhores comerciais, mas estará convicto em viver de verdade e ser exemplo para seus filhos e para a sociedade.
O exemplo é fundamental, pois muitos herdaram tudo pronto sem talento, sem saber o que é construir. Vamos ser e preparar filhos melhores. O Brasil é você.
Demorou, mas aqui está, a referência a Referência.
Deveria ser um dos primeiros artigos. (Explico na nota de rodapé 1)
Quem ouviu recentemente nos comerciais “Nasce a Caoa Chery”, sabe que a partir deste momento a história da montadora se transforma no Brasil, exatamente como aconteceu com a Hyundai.
Ainda que haja significativas diferenças entre as montadoras, suas origens, o que as une além da Caoa, é a Voz de José Ferreira Martins Filho, que no próximo ano completará 70 anos, dos quais mais de 50 dedicados à Locução, desde a Rádio Difusora de Rancharia, sua cidade natal, passando pela TV Tupi, Rede Globo, e especialmente o Grupo Bandeirantes de Rádio e TV.
Mas foi na Publicidade que Ferreira Martins atingiu seu apogeu. Dentre os exclusivamente Locutores, tem o maior cachê. Mais do que o dobro do mais próximo a ele, e mais de seis vezes do que a grande maioria daqueles que a ele podem ser comparados.
Evidentemente o valor do maior cachê não é o que destaca este Locutor, e sim o que permite fazê-lo: a credibilidade que ele transfere por sua Voz.
Alguns exemplos:
“Você conhece. Você confia” (parece até uma menção a ele mesmo);
“Ômega. Absoluto”;
“VW Pointer. As estradas é que deviam pagar para ele passar”;
“Novo Gol. É gol de novo”;
Mas há outros segmentos além do automobilístico que conseguem pagar Ferreira:
“Omo faz. Omo mostra”;
“Bradesco. Sempre à frente” ou “Completo”;
“Fernando Henrique tem experiência. Lula não”;
"É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade";
“Folha de São Paulo. O jornal que mais se compra e o que nunca se vende”.
Estes poucos exemplos de vários tempos de nossa Publicidade, somente pra que venha a sua mente um pouco da obra deste merecidamente reconhecido Talento e Modelo dos Profissionais da Voz.
Não é exagero dizer que muitas marcas só passam a existir depois da Locução de Ferreira Martins.
Quem pagou sabe que vale cada centavo, tanto que repetem o investimento.
Investimento! Esta é a palavra certa, pois ao escolher a Voz para sua Campanha é da sua marca que estamos falando.
E o Ferreira Martins cuidou da dele como ninguém. Credibilidade de quem pode oferecer Credibilidade.
1 Sempre fui comparado ao Ferreira Martins, uma honra enorme, pois não por leigos, e sim profissionais que o gravaram e dele contam tantas boas e surpreendentes histórias. A primeira pessoa que me lembro, foi minha Professora no Curso de Locução no SENAC nos início dos anos 1990, quando fizemos um exercício baseado no Jornal Primeira Hora da Rádio Bandeirantes. Eu nem fazia ideia de quem era Ferreira Martins, apesar de admirar muito seu trabalho, mas certamente, inconscientemente, já deveria receber sua influencia, que não poderia ser melhor. Muito obrigado.
No mês passado conversamos sobre algumas obrigações do Profissional da Voz, especialmente a Fiscal.
Nada melhor do que tratar também dos Direitos, principalmente recebimento de sua remuneração.
Numa busca rápida na internet, encontra-se locução por R$4,00. Isso mesmo, R$4,00. Depois R$30. Jingles por R$300, que evidentemente tem um cantor, e chegamos a R$45.000 por Locução de um vídeo de uso interno de 2 a 5 minutos, evidentemente por alguém que está em destaque em alguma boa Emissora. Se estiver fora, e igualmente recebe altos valores, certamente fez parte da história do Rádio e TV por décadas.
Mas já tratei de valores aqui exaustivamente.
Cada Profissional tem seu método de composição de valores. É verdade que alguns se alinham a outros para combinar valores, cobrando o mesmo valor por determinado estilo de Voz, o que em alguns segmentos é chamado de cartel e proibido pela nossa legislação. Com esta ressalva, o Profissional é livre para determinar o valor de seu trabalho ou aceitar a proposta do contratante.
Estas poucas palavras são então para tratar do recebimento destes valores acertados.
Mesmo depois do orçamento aprovado, contrato fechado, nota emitida, é possível que você não receba.
Infelizmente existem empresas assim. Contratantes confusos, desorientados, sem direção. Não que alguém não possa mudar de ideia, mas que o faça com responsabilidade, ou seja, assuma-a.
Contratos são descumpridos, notas ignoradas, o combinado após severas e repetidas audições de regravações sem fim é cancelado. No momento de valorizar o Profissional, aquela pressa que existe no momento de obter as gravações, por muitas vezes fora do horário convencional, se perde. Não há rapidez em valorizar o Locutor, Dublador, Cantor...
Há casos de meses, até anos. E por buscar receber o que é seu, das mais diferentes formas possíveis e honestas, ainda sofre difamação, perseguição, pois o faltoso contratante passa a achar-se vítima, tratado com ingratidão. É mais comum do que se imagina. Pois para alguns, não é trabalho, não é competência, técnica. É oportunidade, vitrine, favor.
Graças a DEUS são poucos, mas ainda assim acabam com nosso dia, pois quanto mais você zela, trabalha com qualidade, de forma justa, honesta, transparente, profissional, previsível, assim também deseja ser tratado. E quando isso não ocorre, não é fácil.
Não se buscam os louros, que se vierem e justos forem serão bem recebidos. Quer-se apenas o valor, a reciprocidade ao bom trabalho realizado.
Muito obrigado e parabéns a grande maioria dos meus clientes que valoriza e realiza esta valorização aos Profissionais da Voz. Tornam meus dias melhores e superam estas eventuais adversidades, que estão aí pra isso mesmo. Serem superadas. DEUS os abençoe.
Locutores, Dubladores, Cantores e Atores tem muitas ocupações por conta de seu ofício, especialmente relacionadas ao potencial artístico, com desenvolvimento da interpretação, com a saúde, na manutenção e aperfeiçoamento do sistema fonador, emocional, intelectual, técnico... São as mais diversas responsabilidades para que seu cliente sempre esteja plenamente satisfeito.
Mas há uma responsabilidade muitas vezes propositadamente deixada de lado: a fiscal.
Há até os que negociem seus valores “com ou sem nota”.
Eu mesmo tenho muitos amigos, amigos mesmo, queridos, que admiro, que assim agem, até por acreditarem que estão fazendo Justiça frente aos crimes e toda imundice no e do Poder Público.
O erro é ainda mais grave, pois vários acusam e denunciam a desonestidade. A mesma que praticam.
Não é incomum grandes valores serem negociados, especialmente entre Cantores e Atores, inclusive alardeados em toda a imprensa, mas que não constam nos informes da Receita Federal. Pelo contrário. É capaz até que passem por necessitados e peçam incentivos ou ajuda do Governo.
Evidentemente isto não é uma denúncia. Quem trabalha comigo sabe disso. É apenas uma reflexão de que, se queremos mudança, ela também passa por nós.
Temos muito a ajustar. Quanto mais cedo melhor. Já.
No fim do ano muitos profissionais são procurados para gravar belíssimas mensagens com o desejo de um ano novo melhor.
Mais uma vez se destaca aquela em que o Tempo fala, na interpretação sempre celebrada de Fernanda Montenegro, em que ele, ou ela, o Tempo, relembra que é ele que está em nossas mãos e não o contrário.
Há uns 10 anos outro FM também sempre celebrado, entregava sua Voz ao comercial da Paz de Washington Olivetto: Ferreira Martins. Aliás, é um especialista em dar esperança, amor, felicidade, incentivo... Faz-nos acreditar, por exemplo, que este novo tempo realmente será muito melhor. Credibilidade com afeição. Arrebatador! Feliz!
E não posso deixar de citar o saudoso Paulo Goulart, outro mestre neste tipo de mensagem. Quem não se lembra do comercial Mundo de Energia da Texaco? “Vai Mundo, vai, vai...”. Mas como falamos de ano novo, há seu trabalho em “Se crês em DEUS”, que independente de sua religião, é uma bela mensagem, como as outras mencionadas aqui.
Que assim seja seu 2018, com as melhores mensagens entregues pelos seus melhores interpretes.
Que seja uma Voz que encante, motive, informe... Que faça mais feliz. Com credibilidade e amizade.
É isso que fazemos e amamos fazer.
Feliz 2018 com as melhores Vozes!
Encerrei o artigo do mês passado sobre o temor de profissionais da área artística em enfrentar grandes empresas do segmento, por temerem perseguições ou falta de trabalho, ou ainda pior, achar que ganharão serviços porque ficaram do lado delas, mesmo errado, como cúmplices.
Este pensamento existe porque a prática assim o é. Infelizmente.
Empresas são formadas por pessoas, e estas nem sempre agem como o manual público indica, e muitas vezes com o conhecimento da alta direção da empresa que publicou a norma (só para a sociedade ver).
Uma das produtoras desta empresa que usou minha Voz indevidamente no maior show do ano passado, já havia criado uma situação que só o tempo mostraria como enganosa.
Pediu para que eu cancelasse uma nota em 2012 pois havia sido emitida depois da “data de corte”, termo que a contabilidade usa pra definir um período de apuração diferente do civil.
Por ter conhecimento argumentei que não precisaria ser cancelada, ou alguém deixa de almoçar, usar transporte e tantas outras operações que geram registro para a empresa na tal “data de corte”?
Basta lançar no início do período seguinte.
Mas a produtora veio com uma conversa inesperada de como eu jogava fora anos de parceria (dois), por causa de um cancelamento de nota, que na verdade mesmo não sendo necessário eu fiz e reemiti no mês seguinte.
Mas tudo era manobra, pois tempos depois um editor de vídeo me procurou, dizendo que trabalhava para a tal empresa e por isso tinha o meu contato, e perguntou se eu não poderia atendê-lo em serviços semelhantes com preços melhores, pois era pra ele um mero editor, se comparado ao tamanho da empresa que atendíamos.
Porém, com o tempo percebi que os trabalhos eram da tal empresa e confirmei com ele o fato. Ele, que coincidentemente tem o mesmo sobrenome da produtora que cortou-me dos fornecedores, admitiu que estava a serviço da tal empresa.
Trabalhamos por mais alguns meses até 2014, a maior parte remendo de trabalhos passados pra economizar pelos menos 50%.
E repentinamente tudo parou. Mas os shows da empresa continuaram. Muitos e muitos deles.
Eu recebia informações de que ouviam minha Voz neste ou naquele show, mas não dava crédito, pois muitos não têm um bom ouvido e acham que todas as vozes são de determinado profissional. Isso é bastante comum.
Até fevereiro do ano passado, quando um ouvinte qualificadíssimo deu seu testemunho, e todos os fatos seguintes vieram a confirmar, inclusive a inclusão de provas falsas facilmente desmascaradas, que além do prejuízo a este que escreve, desrespeitam o Judiciário, as Leis e o País. Envergonham a classe.
Mas visto os fatos que entopem os jornais, especialmente de 2014 para cá, não é surpresa que tantos se aliem a estes, seja por temor, seja por interesse. Nunca por Justiça ou Mérito.
É impressionante como empresas de renome mundial, se prestem ao expediente desonesto e tenham em torno de si, colaboradores nas mais diversas áreas fomentando ainda mais suas incorreções.
É tão mais fácil fazer a coisa certa. Mas há os que creem, erroneamente, que isso só é possível aos competentes.
Como pode o Locutor controlar o uso de sua voz nos shows?
Confiança. Afinal são todos Profissionais e sabem do valor dos Direitos de cada um.
Mas não é bem assim infelizmente, como pude constatar pessoalmente.
Rádio e TV tem que manter gravada a programação por um período, o que permite a verificação do que foi veiculado.
Mas quando é algo interno, como apurar?
No caso de eventos os textos são perecíveis, o que traz algum conforto ao Profissional, que pode ajustar o preço do serviço conforme a estimativa do tempo de uso.
Agora, imagine um show. Não qualquer show. O maior show do ano com artistas consagrados no mundo todo há décadas. Ingressos caros pagos por dezenas de milhares de pessoas. Evento com cobertura global num dos maiores estádios de futebol do país. E, então, sua Voz surge neste show num vídeo de cerca de cinco minutos, o que é bastante tempo em Locução Publicitária. Eu usei a palavra surge que é bastante adequada, pois agora que imaginou, este foi o meu caso, ou é, pois a solução ainda está em andamento, ou seja, infelizmente é real!
A palavra foi surge, pois não gravei para este show. A última gravação que fiz para show no estádio deste caso foi há quatro anos antes, e como de costume, praxe, apenas para aquele show.
Como se descobre um caso assim, pois apesar de artistas renomados, nunca iria num show deles. Mas felizmente os veteranos artistas atraem músicos, e alguns músicos por seu talento, bom ouvido e facilidade em operar áudio trabalham em produtoras. E quando um desses é seu colega de trabalho por mais de dez anos, é muito fácil reconhecer não só a Voz, mas cada respirar, entonação, ritmo, a sua assinatura. Pois é exatamente isso que é nossa Voz, nossa identidade. No Direito é a própria imagem do indivíduo.
Não é a primeira vez que acontece o uso indevido de minha Voz, mas é a primeira que não procuram reparar. Aliás, foram absurdamente indiferentes. Cerca de 20 dias antes de entrar com Processo propondo negociações, e depois de não ser atendido pela produção da empresa, o seu Jurídico disse que nada iriam propor.
Iniciado o Processo, a bomba. Outro crime. Forjaram uma prova. Como o show teve duas apresentações, tentaram fazer sábado passar por quarta. Eu avisei e mesmo assim ignoraram e insistiram. Mais que isso: incluíram a falsa prova no Processo.
A apuração da falsidade da prova dispensa perícia, pois salta aos olhos. Todos os jornais e redes sociais descreveram o primeiro show como dia chuvoso. Presentes com capas de chuva. No falso vídeo, sol, piso seco, presentes sem qualquer proteção, e mesmo assim a empresa insistiu que sábado foi quarta. Só a existência deste vídeo por si só é suspeita. Quem filma os avisos de segurança no estádio?
Isso somado ao fato do editor do vídeo declarar por escrito que não vê problema em usar uma Locução do passado, uma vez que foi paga, confirma o abuso, o desrespeito, pelo menos naquele show. Pois quem pode saber em quais outros que a empresa pode ter usado da mesma prática?
Este é o ponto. A necessidade de garantir aos Profissionais da Voz, forma de verificar se estão sendo respeitadas as condições, os direitos. Não basta o contrato, a nota fiscal, que no meu caso foi decisiva para mostrar que para cada show, uma Locução, e qualquer coisa diferente disso, outro valor, bem maior.
Eu ganhei a causa num Fórum Especial, mas a empresa, uma das maiores do mundo, recorreu. Inacreditável. Entrei num Fórum rápido exatamente porque não queria nada além da reparação, apesar do caso ser digno de altos valores, apenas desejava ser indenizado, tanto que tentei negociar antes, mas agora tive que contratar advogado para o Recurso.
Difícil saber qual a maior falta: o uso indevido de imagem, a prova forjada, crime grave, inclusive contra a Justiça, ou o recorrer da sentença de um crime cometido com testemunha isenta?
No mês que vem escrevo mais a este respeito, certo de que não é só um desabafo, mas serve de conhecimento e precaução para outros Profissionais, e principalmente para a melhor posição dos amigos da empresa, que pelo seu poder nos shows, teatros e emissoras, temem se posicionar contra seus erros. Vexame! Triste! Vergonha! Repugnante!
Eu aguardava muito este mês para um outro assunto, mas Marcelo Rezende morreu, no mês que celebra o Rádio, a TV, o Jornalismo, a Reportagem, no dia 16.
Então para tudo.
Seguem algumas poucas palavras em homenagem deste que teve o desafio de disputar com o consolidado Datena, o fim de tarde com notícias do mundo do crime. Aliás ele o substituiu na conturbada volta de Datena à Band, após rapidíssima passagem pela Record. Caminho inverso de Bacci que deixou a Record pela Band, e rapidamente retornou, e agora substitui Rezende.
Assim como o rival, veio das coberturas esportivas, e fez sucesso, marcou presença, foi imitado, fez escola. Combateu de igual para igual. Só por isso já venceu. Não foi novidade, visto o sucesso que já fazia, tanto em estilo, forma, como conteúdo. Rambo que o diga. E, apesar da escuridão dos fatos que apresentava, o fez com humor e simplicidade.
Simplicidade. Este é o destaque e motivo deste artigo.
Marcelo formou-se em Jornalismo com dificuldades. Vida pobre. Casa simples. Situações precárias. Mas encerrou a carreira, contra sua vontade, com vida confortável, comparável as celebridades, reconhecido.
É muito bom ver alguém vencer assim, pelo seu talento, garra, focado na notícia e seus efeitos, exemplo, preocupado com os mais simples, para que acreditem na vitória honesta, e assim, envergonha, pelo menos um pouco, a cauterizada consciência dos que procuram o sucesso e fama a qualquer custo, pois alguns acreditam ter preço, sem o desenvolvimento de trabalho, e fecham as portas aos que realmente poderiam fazer melhor.
Corta pra mim:
Marcelo Rezende, obrigado.
A Voz do exemplo continuará falando forte. Esta nunca morrerá. Parabéns.
Difícil falar de algo secreto ou no mínimo não transparente.
Como sempre faço aqui, falo de experiências, e aproveito o destaque da Rede Globo para o assunto, para falar da possível influência da Maçonaria na Locução, no meio artístico e da comunicação.
Portanto não se trata de uma apuração jornalística. Pelo contrário, sei muito pouco sobre os maçons e exclusivamente pelo exercício da Profissional da Voz.
É muito comum ouvir que os maçons estão em toda parte e dominam o mundo. Empresas, Política, Igrejas e até no Judiciário.
Visitei uma cidade em que uma nova franquia de supermercados não pode entrar porque os maçons daquele município não deixam.
Coisas assim são conversadas também nos meios de comunicação. Demite-se um artista, técnico ou diretor a pedido de um colega de trabalho ligado à Maçonaria. É mais comum do que imagina.
Se isto é verdade, é um atraso enorme. Assemelha-se a impedir o Uber ou o NetFlix, para assegurar os investimentos passados. Ou defender o petróleo no lugar da energia solar pela mesma razão.
E se esta perseguição for pessoal, emotiva, muito pior, sem falar que desobedece seus próprios mandamentos, como o 6º. pela avareza e o 7º. pela injustiça.
Avareza se explica pela obediência que visa a manutenção das portas abertas para os negócios, em detrimento do prejuízo alheio injustificado e injusto. E isto nos leva ao descumprimento do 18º. mandamento, que está entre os mais importantes para o Cristianismo, sobre o próximo, base de orientação do nosso Direito.
Mais uma vez, se isto é verdade, a Maçonaria colaboraria para o atraso, pois estaria atrapalhando talentos e negando à sociedade a oportunidade de conhecimento, novas e melhores alternativas, a livre escolha, e a prosperidade horizontal, tão necessária a melhor distribuição de renda, motivo de muitos sofrimentos à toda a sociedade, mesmo aos que se protegem no forte do poder financeiro.
Entre os Profissionais da Voz, isto é possível não só pelos donos das emissoras, mas pelos diretores, artistas e técnicos, que participam, simpatizam ou se sujeitam a este sistema em troca da manutenção de seu sucesso, o que na verdade evidencia seu fracasso.
Talvez isto explicaria apresentadores serem surpreendidos em transmissões ao vivo, quando a regra é o aviso pela equipe, entre outros erros que minam o colega que oferece a Voz, a Imagem para trabalhar. Vozes abafadas, mal editadas, sufocadas por trilhas e efeitos... Uma série de obstáculos e armadilhas para prejuízo do perseguido.
Mas só se isso for verdade, pois é importante registrar que é contrariado pelos poucos maçons que conheci. Além do que, conspirações não são exclusividade de um ou de outro.
Seria muito bom, até necessário visto as dúvidas, que a Maçonaria se manifestasse ao público diretamente, para que pudéssemos conhecer quem são, o que pensam, o que fazem e porque fazem, em virtude de sua influência, inclusive para o bem, visto as muitas ações sociais que também lhe são creditadas, assim como este corporativismo cego relatado nos bastidores de emissoras e produtoras, como sou testemunha.
Se não o faz, o que é seu direito, evidentemente não quer dizer que concorda que atua sem levar em conta o que é correto, para benefício de seus membros, mas o diálogo, mesmo com os discordantes, é louvável. Questão de Voz. Ouvir para bem avaliar e agir, eventualmente, na esperança de poder corrigir. Isto é Independência para a Vida!
Repito 2013 quando usei as palavras do Ator e Locutor Lui Strassburger, naquele artigo de 25 de outubro, de que a primeira Locução foi “Haja Luz”.
Foi um trabalho feito pelo primeiro e maior de todos os Locutores. Incomparável. Único. Não precisou de referências, indicações. Ninguém precisou ficar de olho pra ver com que carro chegou, ou a marca de sua camisa ou celular, muito menos onde mora ou passa as férias para concluir que é o Melhor.
Não bastasse toda SUA criatividade, é Mestre em Comunicação, igualmente pioneiro: O VERBO da Criação se fez carne e habitou entre nós.
Apesar desta grandeza, pioneirismo e da certeza de SUA competência e talento acima de qualquer outro, escreveu-se DELE: não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Assim como aquele que passa pelas pregas vocais e emite a Voz, o SOPRO que comunicou VIDA com audiência insuperável, inspirou jornalistas e escritores de todos os tempos, a partir dos historiadores dos primeiros de todos os fatos de que se tem notícia, bem como daqueles a acontecer, inclusive os últimos. Mesmo com este insuperável poder de comunicação e realização, não é notado por muitos, tal como o ar, por onde seguem as ondas do rádio.
Concluo então que a Comunicação é essencial e o bom Comunicador indispensável. Porém, glamour, fama, ostentação, além de desnecessárias, não garantem o melhor Profissional. Ser é sempre melhor que parecer.
Não precisar de artifícios, o fermento, seja para comprar ou vender Voz, Interpretação, faz-nos mais parecidos com o PIONEIRO. ESTE sim REFERÊNCIA perfeita, sem a menor possibilidade de erro.
Força, Conhecimento, Competência, Talento, Glória e Humildade. O Profissional da Voz não precisa mais que isso, ainda que muitos do meio não acreditem. Mas estou certo de que o que é simples e eficiente é mais valorizado e útil a todas as produções, além de deixar tudo mais leve e com foco no que realmente importa: a obra, a mensagem, a criação, para a própria satisfação do CRIADOR.
Hoje é Domingo, dia perfeito para esta postagem. Boa semana!
Colegas de Profissão e simpatizantes, mais um artigo prático para nosso crescimento.
Erros acontecem. Estamos sujeitos, seja por nossa ação ou daqueles por quem respondemos em nosso dia-a-dia. Um gerente é responsável pela ação de seus auxiliares nas ações diretas do trabalho. Uma empresa responde pelos terceiros que a atendem. Não só daqueles que atendem próximos as atividades fim, mas todos os contratados em geral. O anunciante responde pelos erros da agência de publicidade, por exemplo.
Assim é com o uso da Voz. Responde por ela quem dela se beneficia enquanto marca, ideia, veiculação, não apenas por sua produção.
Assim pode ser que um distribuidor usou sem conhecer o contrato original. Um editor que utilizou sem o cuidado de observar se tinha o Direito.
Cuidado é palavra-chave para montar uma peça de comunicação, publicidade.
Mas se ainda o cuidado não evitar erros, a busca da reparação amigável é o caminho natural para aqueles que agem com responsabilidade. Pode não parecer, mas acontece com frequência.
Na dúvida, a esfera Jurídica é um destino natural e civilizado, pois as partes tem a análise de alguém isento para a avaliação da contenda, vocacionada, preparada, com experiência.
Relatarei brevemente alguns casos e suas soluções em contraste com um problema recente que ainda não teve acordo.
Nos anos 1990, certa Emissora de Rádio que trabalhei atrasou seis de meses de salário. O sindicato propôs greve, pois outros funcionários tinham mais que isso em atraso, e após uma semana tudo estava resolvido.
Ainda no fim dos anos 1990 uma Emissora de rádio, a mais ouvida na época, cedeu suas instalações para uma chamada “Pegadinha”. O apresentador do programa responsável nem esperou julgamento e fez proposta através de sua produtora e do advogado da TV, já na reunião de Conciliação. Foi rápido, respeitável e reparou o falso trabalho proposto na atração que não foi ao ar. Soube através de uma jornalista que desejava me entrevistar, que cancelou todas as “Pegadinhas” em seu programa.
Duro neste caso foi ver colegas de trabalho como testemunhas ao lado da mentira, provavelmente temendo por seus empregos, carreira, ou pior, de olho em promessas futuras. Nestes momentos quem encontra uma testemunha a favor da verdade deve levantar as mãos aos céus. Isso ocorreu porque dois foram os réus, e a famosa Emissora de rádio que não existe mais, ao contrário da nobre postura do Apresentador de TV, não reconheceu o erro, o que felizmente não impediu o bom acordo.
No início dos anos 2000 usaram minha Voz após o tempo legal numa Emissora de TV. Mesmo depois de avisados continuaram usando. Após reclamação formal negociei com o Diretor Geral. A reparação foi paga e a voz retirada do ar, infelizmente com o aviso de que provavelmente eu não faria mais nada naquela Emissora, o que evidentemente é um direito, ainda que por um problema que a própria causou, e assim foi até agora, 14 anos depois.
Na mesma época uma Emissora de Rádio AM passou a usar as chamadas e vinhetas que eu gravava numa Emissora FM, sem consulta ou proposta, por acreditar que eu ficaria feliz com a veiculação numa Emissora de maior audiência. Realmente fiquei feliz, mas com a devida remuneração, que foi negociada e paga, e o assunto rapidamente resolvido. Não é porque a Locução já está gravada que ela pode ser usada à vontade, algo muito fácil de concluir.
O mesmo ocorreu cerca de um ano atrás num programa de TV que alterou sua emissora e forma de exibição, além do principal em outros horários, e apesar da dificuldade no entendimento do porque deveria haver complemento pela alteração do veiculo, praças, e número de veiculações, o pagamento foi feito.
No mercado publicitário então a probabilidade de problemas desta natureza é maior, pois são muitas empresas, marcas, veículos...
Mas sempre fui atendido.
Em problemas como uso em praças diferentes da contratada:
Soube por um telespectador de um anúncio com minha Voz em Goiás, praça para o qual o tal anúncio não foi contratado. Um distribuidor levou o anúncio pra lá sem a ciência do fabricante.
Utilizando uma parabólica descobri por acaso anúncios meus que não iam ao ar na TV aberta tradicional e já estavam vencidos quanto ao direito de veiculação.
Num voo vi um anúncio meu contratado só para a TV aberta.
Todos foram resolvidos no primeiro contato, com exceção deste último que me custou mais um cliente. O produtor ficou ofendido por ter que explicar o ocorrido e já descontente com o anunciante desde episódios anteriores que eu desconhecia. Erros recorrentes do anunciante que prejudicam as relações profissionais. Lamentável. Mas foi resolvido em dois ou três meses.
Isto tem que ficar claro: infelizmente a defesa de direitos legítimos pode trazer prejuízos aos relacionamentos, com a perda de clientes que tem dificuldade em zelar pelo que é correto, e ao arriscar pesar isso na balança, agem como preteridos, o que não é verdade.
Quando o assunto é atraso no pagamento então, perde-se parceiro de anos. Nunca protestei um cliente em milhares de faturas emitidas, e mesmo aguardando meses para receber, alguns não suportam a cobrança, ainda que legítima, e rompem o relacionamento. Felizmente nestes 23 anos não chega a um por ano.
Resiste ainda um certo amadorismo em algumas empresas ligadas à Publicidade, que acredita que por não receber um determinado trabalho, ainda que tenha recurso próprio, dá razão ao não pagamento daqueles que participaram de sua realização. Mas apesar disso, tudo sempre foi resolvido, com paciência, compreensão e insistente negociação, com visão do que é direito. A favor da verdade, a maioria já se livrou desta visão irresponsável.
Um só é devedor nestes anos, de uma campanha política de 2008. O produtor, provavelmente noutro país, encerrou suas atividades após anos, por conta de cobranças diversas de empresas, editores, câmeras, jornalistas...
Mas nada se compara a contenda atual, em que procurei amigavelmente o cliente para que reparasse o uso indevido de Voz, e ele mesmo preferiu indicar os meios jurídicos para solução após 20 dias de tentativas de acordo, todas por minha iniciativa. Não bastasse o cliente juntou prova forjada ao processo. Apesar de avisado em Juízo, manteve a falsa prova, facilmente desmascarada, pois o evento da ocorrência teve ampla cobertura de toda a imprensa. Condenado, o cliente recorre.
Foi a primeira e espero que a última vez que um caso assim chegou a um Julgamento, onde só estive como consumidor. É algo desgastante, ruim, e neste caso desproporcional.
Nunca alguém tão esclarecido demorou tanto para reconhecer e resolver um problema desta natureza.
Além da reparação material por economizar uma nova gravação ou a negociação do uso de uma antiga, há o fato crucial do uso de imagem sem conhecimento, autorização e ou consentimento, pois é assim que a Voz é tratada, como expressão individual, exclusiva de cada ser. Além do desrespeito ao cidadão, há a agravante deste ser um Profissional que utiliza a Voz, sua imagem, para desenvolver também seu trabalho, além de sua individualidade. Os que o conhecem, especialistas, não fazem ideia que o trabalho não foi uma escolha sua, o que no meio publicitário pode ser um fator de avaliação. Como o Profissional tem lidado com ideias e marcas que condizem com seu perfil ou um trabalho específico naquele momento.
O pedido de reparação terá que esperar mais alguns meses, depois de mais de um ano. Isso só agrava os danos. Assim o artigo, com dados conclusivos, só por ocasião do julgamento do Recurso, pois não convém adiantar dados aqui, além daqueles que já figuram no processo até hoje.
Outro cliente a menos, aliás, este desde 2012, mas por outro problema: a simples emissão de uma nota fiscal fora da chamada “data de corte” que eu desconhecia dele. Apesar de atendida, a Produtora do cliente não gostou da minha contestação, fato suficiente para ela não contratar mais os meus trabalhos, alegando que ao questionar a necessidade do cancelamento da nota, que foi feito, eu desprezava anos de relacionamento: desde aquela ocasião, uma via de mão única, como se a iniciativa e o motivo pelo qual rompeu não desprezasse os tais anos.
Aqui outro dado importante. As notas fiscais, como esta que foi cancelada no mês do fato gerador para emissão no mês seguinte a pedido da produtora do cliente, ajudaram a provar como eram vendidas as Locuções: uma para cada evento. Apesar de óbvio, foi bom ter os documentos. Aliás, não cabe mais a um dos melhores mercados publicitários do mundo a clandestinidade, comum a áreas não técnicas, o que definitivamente está muito longe de ser.
Apesar deste artigo, sigo com discrição (só os pouquíssimos que já sabem do caso podem dar nomes, datas, locais...), com zelo pela imagem do antigo cliente, ainda que desprezado, enganado e caluniado por este, no aguardo da decisão sobre o Recurso e na esperança de ter reparado os danos que causou. É horrível ter sua Voz usada sem sua autorização. É um desrespeito muito grande, principalmente quando praticado por outros profissionais do meio.
Fica o apelo: respeite o Profissional da Voz. É sempre tempo. E exija este respeito.
E um agradecimento a maior parte dos meus clientes: muito obrigado pelo respeito.
Acredito que por ser criterioso e a fama quanto a isso se expandir, muitas vezes até como uma queixa, tenho atraído clientes igualmente criteriosos nos últimos anos. Corretíssimos.
Sejam sempre muito bem vindos. É um prazer e uma honra trabalhar com vocês.
Muito obrigado.
Geralmente trato aqui de experiências, avaliações e reflexões sobre Locução, especialmente a Publicitária, Dublagem e Atuação de um modo geral como Profissional da Voz.
Mas neste artigo falarei de fatos da telinha, pra você avaliar. Afinal ela é um dos principais meios de divulgação de quem trabalha com a Voz, diretamente ou através de produtoras e agências, ou seja, a saúde e desenvolvimento dela, tem influência direta na vida, entre outros, dos Profissionais da Voz
Telinha dá ideia de algo pequeno, mas se refere à maior fatia do mercado publicitário, e põe maior nisso. Mais da metade de 130 bilhões de reais, o valor destinado a Publicidade no País ano passado. E estes mais de 70 bilhões foram apenas para a TV Aberta, que passa por uma transformação de analógica para digital.
Eu disse que são fatos pra você avaliar, pois não o farei, uma vez que sou contratado de uma das emissoras mencionadas. Assim a costumeira e necessária isenção é realçada, sem deixar de abordar este tema de tamanha importância, que o faço por iniciativa própria e total independência.
A TV aberta vende sua audiência para financiar suas produções, que chegam gratuitamente ao público, que por sua vez é o responsável pelo faturamento dos canais, visto que quanto maior o é, aumenta o interesse dos anunciantes em exibir seus produtos e serviços no canal.
Por isso a briga por cada fração de ponto de audiência é tão acirrada.
Houve um tempo, não muito, que a líder registrava em média o dobro da audiência de todas as outras somadas.
Isso mudou. Recentemente a líder foi até superada, e ainda o é em algumas praças, não só no “Horário Nobre”, ainda que este seja o maior alvo.
A Record TV desde Os Dez Mandamentos consolidou audiência expressiva, que se mantém nos últimos dois anos também com A Terra Prometida e O Rico e Lázaro, a trama atual das 20:30, que geralmente vai ao ar às 20:45, e assim alavancou também o Jornal da Record que chegou a superar a audiência da novela neste dia 18 de maio, pelas gravações feitas por um dos donos da JBS e da Polícia Federal, que envolvem o Presidente Temer e o Senador Aécio Neves, entre outros.
A mais recente Novela da Record estreou em 13 de março, com produção cinematográfica.
A novela da Globo, A Força do Querer, estreou três semanas depois, com a classificação da própria emissora como novela das 9, que já foi das 8, mas foi ao ar pertinho das 10.
Isso ocorreu porque o Jornal Nacional, nas datas próximas após a estréia da novela, encerrava as 21:45, 21:47, com a explicação de que aquele horário estendido ocorria em função das delações premiadas da Odebrecht, que eram divulgadas em longos vídeos, todos os dias.
Coincidentemente este alongamento do Jornal Nacional, que já teve duração de meia hora, e em abril passou de uma, terminava no exato momento em que a Record encerrava a Novela O Rico e Lázaro. Eu pessoalmente confirmei isso em alguns dias, exatamente para este artigo.
E já que foi mencionado o JN, este e outros jornalísticos da Globo, por esta época ano passado, dedicaram preciosos minutos para mostrar o consumo da banda larga de internet por uma família, membro por membro, engrossando o coro das operadoras por uma limitação do uso, o que felizmente fracassou.
Empresas como o Netflix, que vendem conteúdo de entretenimento como séries e filmes, que incluem produções da Record e SBT, e dependem da banda larga e não a vendem, agradecem.
Aliás, a banda larga que é vendida em torno de R$30,00 num combo que inclui TV paga, e mais de R$100 separadamente. Isso é legal?
O mês de abril registrou outro fato muito importante na batalha das emissoras pela audiência. Foi o primeiro mês inteiro que as operadoras de TV a Cabo NET, Claro e Sky deixaram de exibir os canais SBT, Rede TV! e Record, situação que segue até hoje, pela mudança de sinal, de analógico a digital, no maior mercado publicitário do país, São Paulo.
NET e Claro são do mesmo grupo, com origem no Multicanal no início dos anos 1990. Era de propriedade das Organizações Globo, que até hoje está entre seus proprietários e apesar de minoritária, seus canais ocupam a maior parte dos canais ofertados, como Multishow, GNT, Globo News, Viva, os Telecine, os SporTV, BIS, Off...
Apesar de paga, a TV por assinatura abocanhou 16 bilhões daqueles 130 de 2016. São oito vezes mais do que devem faturar com a venda de seus serviços de assinatura a cerca de 60 milhões de pessoas, segundo o IBGE.
Já a Record News é um Canal de notícias aberto, gratuito.
A guerra entre as operadoras e os três canais abertos que ficaram de fora depois do fim do sinal analógico em São Paulo no fim de março, se deve a falta de remuneração a estes.
Uma explicação das operadoras para pagar uns e não pagar outros, pode ser o fato de que nos anos 1990 algumas emissoras se destacavam na cobertura jornalística, especialmente esportiva, que tanto agrada os assinantes, e a produção artística de qualidade se restringia a líder de audiência, que por sua vez também controlava a operadora de canais a cabo mais bem sucedida. Mais isso é apenas um raciocínio deste que escreve, tentando entender a indisposição das operadoras em remunerar canais tão bem sucedidos, que somados, superou a média de audiência da que recebe remuneração, em 2016.
Mas a produção de conteúdo mudou muito, jornalística e de entretenimento, como confirmam estes índices de audiência e as redes sociais. Isso exige outra postura das operadoras, pelo menos diferente de 20 anos atrás.
Felizmente a produção de conteúdo é maior, mais diversa, e não é barata. Demanda investimento, trabalho, criação, que por sua vez depende dos melhores talentos.
É verdade que as antenas HDTV estão aí a partir de R$30. Mas muitas vezes a tubulação para a fiação desta está ocupada pela fiação da TV paga, e o lugar pode exigir uma antena externa. Há pessoas que enfrentam dificuldades para esta instalação, como crianças ou idosos.
O consumidor avalia o que fazer e espera por um acordo entre emissoras e operadoras.
Lá se vão mais de 50 dias, uma eternidade no mercado publicitário, e se proporcional ao ano passado, equivalente a 12 bilhões de reais. Sem falar no hábito, tão caro às emissoras, que há muito não dependem apenas do ligar e desligar de aparelhos conectados a uma antena, do controle remoto, jornais e revistas.
O mundo mudou. Mas há quem resista. Velhos hábitos.
Estão aí fatos para que avalie.
Além de serem atores e, bastante conhecidos, Hollywood,
de filmes de sucesso, produções que receberam o Oscar,
de um ter sido sepultado na cidade que o outro nasceu,
Los Angeles,
ambos viveram Moisés em grandes produções,
e, o mais curioso,
pois estas são separadas por 42 anos,
também interpretaram a Voz de DEUS no mesmo trabalho.
Charlton Heston fez os dois papéis em Os Dez Mandamentos,
Val Kilmer fez a Voz DAE Ambos na animação O Príncipe do Egito.
Heston fez a Voz de DEUS após comentar com o Diretor Cecil B. DeMille, que Esta Voz vem de dentro de cada pessoa, isso ao lado de um rabino em Israel, que concordou
(difícil explicar isso quando todos ouviram ao pé do monte Sinai ou no Batismo de JESUS, e ainda que se argumente que cada um ouviu sua própria Voz mesmo simultaneamente, há a descrição unânime de diversos Profetas do som de muitas águas, trovões, multidão, suavidade, mansidão... que não se assemelham a uma voz interna de cada um).
Kilmer fez a Voz de DEUS pela mesma razão de Heston, mas não por sua iniciativa, e sim, do sonoplasta ganhador do Oscar, Lon Bender, que desejava algo nunca ouvido, mas optou pelo mesmo caminho de 1956.
Ambos funcionaram muito bem,
e os efeitos especiais ajudaram a distinguir as vozes, portanto,
sem conscientemente sentir a idéia de Heston ou Bender,
de uma voz interna de Moisés.
Ouvimos a Voz de DEUS, comum aos dois,
mas absolutamente Única!
Já fui ouvido por Presidentes da República, deste e de outros países, gravado ou pessoalmente.
Assim foi também com governadores, prefeitos, ministros, senadores, deputados... Sem falar nas maiores empresas do Brasil e do mundo e seus altos executivos, celebridades...
Mas tem alguns ouvintes que são afetivamente ainda mais importantes.
É claro que é uma delícia ver comerciais, chamadas de rádio e tevê, novelas e filmes com a Família, e ver a reação deles ao ouvir o meu trabalho.
Mas tem uma situação tão boa quanto, que é um presente quando acontece.
Anos atrás, meu Filho, perto de se formar, foi a uma entrevista de emprego na BASF. Eu mesmo o levei.
Na volta, perguntei como havia se saído, e ele responde gostosamente: “não sei se consegui o emprego, mas já ganhei o dia, pois ao ser apresentado a empresa, foi exibido um vídeo, feito com a sua voz pai, e eu fiquei muito feliz, orgulhoso”.
É ou não é uma grata surpresa?
Lembrei deste fato, pois no dia 11, minha Filha, também muito feliz, disse que seu marido participou de uma reunião em que minha Voz apresentava os projetos da empresa. Ele mesmo passou um vídeo de um trechinho do evento.
Como isso é especial!
Que profissão maravilhosa! Graças a DEUS.
Claro que em mais de 20 anos muitas vezes aconteceu isso, com muitos conhecidos.
Pra encerrar, relato um desses:
Um sonoplasta experiente com o qual trabalho há uns 15 anos foi ao show dos Rolling Stones em fevereiro do ano passado. Ouviu minha Voz num vídeo de segurança e comentou comigo, feliz de ter ouvido minha Voz.
Porém, eu não havia gravado nada para aquele show, e desconfiei de ter sido usada uma gravação feita para o show da Madonna ou da Lady Gaga, ambos em 2012, que também ocorreram no Morumbi.
Já aconteceu antes, mas desta vez não houve dúvida, pois o profissional ouviu por cerca de 5 minutos minha Voz, e a conhece a cada vírgula, pois já fiz centenas de trabalhos para a empresa em que trabalha, os quais ele mesmo tratava.
Então pude com certeza reclamar a remuneração pelo uso de minha Voz num dos maiores shows do Brasil no ano passado, bem como pelos danos oriundos disto ter sido feito sem meu conhecimento ou autorização.
A pessoa certa, no lugar certo, na hora certa, com atitude correta.
Que platéia. Que ouvintes!
Graças a DEUS.
Tem Locutor que atua. Não é novidade? Ótimo, perfeito!
Tem Dublador que não faz Locução. É verdade!
Tem Ator que faz. Mas Dublador é Ator. Então...
Mas tem Locutor que não atua.
Dublador que faz Locução melhor que muitos locutores.
E ator que não quer nem saber de Locução. Corre!
Um ou outro ainda canta, dança, escreve, cria, dirige...
Então tem cantor que atua, diretor que faz Locução e jornalista que dubla...
Entendeu?
Tem quem foque numa só carreira de modo que faça isso muito bem, e outros, mesmo assim, não.
Tem quem faça muitas coisas e todas medianas, e outros, fazem muito bem, tudo!
O triste é o uso de rótulos pra desqualificar, como se alguma profissão pudesse ser indigna;
Ou pior, sentir-se desqualificado por receber qualquer um destes títulos profissionais, todos honrosos, necessários, essenciais, transformadores, como toda forma de expressar ideias é.
Então, ter rótulos como identidade, sim. Como má ideia, não.
Respondida a pergunta, um excelente clichê pra encerrar: ser é muito mais importante do que ter, no caso de rótulos, do que parecer. Viva quem é!
Eu só o ouço.
Ele está sorrindo, cansado?
O que faz neste momento?
Corre, trabalha, está na fila do banco?
Quem é ele?
Um andarilho sem lugar pra repousar ou um executivo de sucesso?
Alguém com temores ou seguro de si e do seu futuro?
Ele chora, mas não vejo suas lágrimas.
É muito forte, grande, valente, motivador!
Mas é também franzino, miúdo, fraquinho. Como é possível?
Às vezes é engraçado, desajeitado, cômico.
E dançando então... Como dança bem!
Só não descobri sua idade.
Parece um jovem, maduro, talvez velho.
Outro dia comeu tanto que nem conseguia falar direito.
Pelo menos devia estar bem gostoso.
Quando engasga, dá vontade de bater nas costas pra ajudar.
Pode ser mais sério. Um problema de saúde.
Uma tristeza, um sofrimento. Dor.
Percebo o quão sérias são as dificuldades.
Mas ele tem energia, alegria, vontade!
Ri, dá gargalhadas! Tem prazer em viver.
Parece conhecer tudo e todos. Rodou o mundo.
É um matemático, advogado, engenheiro, vendedor de coco.
Policial, ladrão, cadeirante, cego, atleta.
Agora o vejo.
Espere, tem outra imagem.
E outra, mais uma, quantas!
Como é possível?
Sua voz é de diferentes corpos.
Mas é como se fosse própria deles.
Uma voz, diferentes pessoas.
Ou muitas pessoas em uma voz.
Afinal, quem é você?
E como um milagre, ouço a voz dar vida a este texto:
Muito prazer.
Eu sou o Dublador.
Eu sou o Locutor Publicitário.
O Ator Incorpóreo.
Neste espaço compartilho experiências para contribuir com colegas e apreciadores.
Na minha modesta opinião, agradecer e reconhecer o valor daqueles que estão ao nosso redor é fundamental.
Por isso, este mês, apenas copio uma das mensagens que acompanhou o brinde deste ano:
EM NOME DA MINHA ESPOSA E FILHOS, AGRADEÇO SEU TRABALHO NESTA EMISSORA, PRODUTORA, EMPRESA... O SEU DESEJO DE QUE ESTA JORNADA CONTINUE VITORIOSA, COM INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO, INSPIRAÇÃO, MOTIVAÇÃO, AMOR, ESCLARECIMENTO, FÉ, RESPONSABILIDADE, AÇÃO, CRIATIVIDADE, EMOÇÃO, AMIZADE, SAÚDE, QUALIDADE, PAZ, ALEGRIA, CREDIBILIDADE E DETERMINAÇÃO. CADA VÍRGULA EMITIDA FOI EM BENEFÍCIO DESTA FAMÍLIA, SEU SUSTENTO, DESENVOLVIMENTO, APERFEIÇOAMENTO, FELICIDADE, E, EM ESPECIAL NESTE ANO DE 2016, NO ALICERCE DE DUAS NOVAS FAMÍLIAS, PARA SEGUIRMOS JUNTOS COM SUA PARCERIA E AMIZADE PARA O BEM COMUM DE TODA A SOCIEDADE.
PORTANTO, MUITO OBRIGADO, FELICIDADES, E, COM TODO RESPEITO A SUA FÉ, DEUS TE ABENÇOE.
É isso. Não há Locução sem texto, sem técnico, diretor, público, mídia, musico, marca... Pessoas. Feliz 2017, juntos!
Já ouvi de tudo nesses mais de vinte anos.
E divido com você, que aprecia ou segue a profissão. É bom saber.
Nos anos 1990 um coordenador disse-me que eu não trabalharia em emissora nenhuma depois de aceitar a greve proposta pelo Sindicato dos Radialistas, pelos mais de seis meses de salário em atraso, meus, e salários, férias e décimos terceiros atrasados de outros colegas, que também aderiram a paralização.
Ele falou em nome dos proprietários, o que era crível, pois estes se gabavam de não permitir que uma colega locutora, por exemplo, ingressasse no Clube da Voz, isso dito a mim pessoalmente no primeiro encontro que tive com esta diretoria.
Noutro episódio, também numa rádio, um profissional de cargo importante, preveniu-me que queriam minha cabeça, apesar da satisfação e elogios ao meu trabalho, pois um antigo funcionário com mais de 30 anos de atividade na época, renomado, e segundo ele, ligado á maçonaria, havia solicitado minha demissão, o que ocorreu 15 dias depois deste aviso.
Não entendo de maçons, mas o pouco que ouvi é que pela “irmandade” fazem o que é solicitado, sem levar em conta o certo ou errado. Agem até mesmo sem razão, só com base no pedido de um dos seus. Ainda procurarei um para confirmar isso.
Aliás, sempre procuro a conciliação, o entendimento, mesmo com estes que procuram meu prejuízo. Com alguns consegui contato. Outros repetidamente recusam.
Algumas produtoras não ficam atrás. Alegam não receber ou ter dificuldades e ficam mais de um ano sem pagar cachês contratados com notas devidamente emitidas, ainda que com trabalho. Quando cobradas, rompem a relação. Um absurdo.
Infelizmente, esta é uma atitude bastante comum. É como aquele parente em dificuldade que você recebe em sua casa por alguns meses, e quando não pode ou não quer mais, ele se enfurece e reclama com todos como você teve coragem de fazer aquilo. Não leva em conta o período de ajuda.
Não interessa o que é certo ou errado, mas se é vantajoso ou prejudicial.
A declaração do título deste artigo foi um caso assim. A frase completa é “Diante da sua impaciência, vou fazer o depósito amanhã e nunca mais trabalhar com você”, referente um trabalho feito numa quarta à noite, não pago 54 dias depois, o qual de costume era a vista. Cobrado a cada mês, o dono da produtora fez a afirmação do título.
O impaciente esperou 54 dias para ser pago, pela produtora que pediu um trabalho imediato numa quarta à noite as 21 e 23 horas. Que tal?
São uns pequenos desconfortos de uma profissão deliciosa.
Em tempo: a maior parte dos clientes é ótima!
MarÍlia Pêra, saudosa Voz, numa entrevista, muitos anos atrás, alertou para o fato de que uma estrela como Julie Andrews, de Mary Poppins, A Noviça Rebelde, Victor ou Victoria, entre muitos outros, ganhadora do Oscar, que no dia primeiro deste mês fez aniversário, naquela época por volta dos 60 anos enfrentava problemas na voz e após cirurgia para retirada de nódulos, perdeu sua condição de cantora soprano. Na ocasião Marília falou dos cuidados necessários para manutenção vocal, como aquecimento, relaxamento, descanso e bom uso, pois ela, a voz, é perecível. Isso deve explicar a saúde vocal do Locutor e Jornalista Cid Moreira, 89 anos celebrados no mês passado (viva setembro!). Quem o viu no Prêmio Comunique-se dias atrás, pôde conferir seu “boa noite”, só pra citar um exemplo dos muitos profissionais acima dos 80 anos que estão com a voz perfeita, potente, agradável de ouvir, e muito acima da média.
Outro prazo de validade da Voz é quanto ao seu direito de uso.
Pode ser por prazo indeterminado, mas isso deve estar claro no contrato, nota fiscal, ou qualquer outro documento que autoriza seu uso.
A ausência deste termo, indeterminado, não o confirma.
Evidentemente sonora, a voz é tratada como direito de imagem aos olhos da lei, logo, inviolável, direito da pessoa, personalidade, indivíduo, tanto mais se este for profissional, através da voz obter seu sustento e o meio pelo qual se realiza.
O prazo de utilização determina o custo. Uma locução, dublagem, ou qualquer outra atividade em que a voz atua, que irá ao ar uma só vez, terá o custo menor que a veiculação repetida no mesmo dia, ou na semana, e esta da veiculação mensal, semestral... Se no mesmo veículo e praça.
Após o fim do prazo estipulado, se tiver interesse em continuar o uso da gravação, o contratante deve procurar o “dono da voz” para renovar o prazo, o qual definirá o valor para tanto.
Na atividade, exercícios, cuidados, descanso, e nos contratos, zelo, respeito e clareza, tudo para manter o prazo de validade em dia, sem estragos, desperdícios, mal-estar e intoxicação.
Vida longa à Voz!
Neste ano com as novas limitações ao financiamento das campanhas eleitorais, as tradicionais vozes ficaram de fora, pelo menos até este dia 5 de setembro.
Nas propagandas do PSDB não se ouvem as vozes de Ferreira Martins, KK (Carlos Henrique), Walker Blaz ou Nelson Gomes.
O PT não conta com Edson Mazieiro que só na última campanha fez simultaneamente a de Dilma e Padilha.
Não ouvimos Edinho Moreno no PDT ou Solidariedade como nas campanhas anteriores.
Até eu fiquei de fora. E posso dar algumas proporções do porque isso ocorreu e talvez explicar a ausência dos citados, entre outros.
Fui sondado por 3 campanhas em cidades do Rio de Janeiro e Santa Catarina, e o que posso dizer é que os cachês são inferiores a um quarto, ou menos do que 25% do que a última eleição. Mesmo levando em conta que em 2014 foram estaduais, são valores muito inferiores ao que o profissional recebe normalmente no mercado tradicional, no seu cotidiano, mesmo levando em conta a redução também do tempo dos programas.
Soma-se a isso que para a Locução Política se esperam valores ainda maiores do que o mercado diário, o que facilmente se entende, explica-se a ausência destes profissionais que desde a redemocratização enriqueciam os pleitos eleitorais.
Eu particularmente tenho enorme satisfação em fazer a Locução para Campanhas Políticas, o que modestamente faço muito bem, com 60% de vitórias. O êxito se deve em grande parte pelo envolvimento, pois independente do candidato, as questões envolvem o destino da população e dão oportunidade a todo tipo de interpretação, da indignação ao júbilo.
Por outro lado ganham-se novas vozes. Nitidamente alguns deles não são profissionais, mas há boas locuções, interpretações adequadas, e alguns conhecidos que entregam não só a locução, mas, toda a produção dos programas, o que pode ter viabilizado os custos tanto para um lado como outro.
Este é o ano de renovação na política, pelo menos nas vozes. Neste caso a mudança não pode ser traduzida como melhora, como se espera na política em geral, mas é um fato. Resta saber se a economia na voz da campanha não frustrará anos de preparo do candidato. Locução é coisa séria, muito séria.
No artigo anterior mencionei a dublagem sem lábios, expressões ou voz de referência, pelo menos não pelos meios naturais.
Claro que falava de dublar a Voz de DEUS, o que é possível através de estudos bíblicos, no meu caso a Direção de Alexandre Avancini, e ainda no meu caso, comunhão com ELE, Fé.
Além de tudo isso, a consulta ao imaginário popular e outras obras bem sucedidas.
Mas quero aqui neste artigo agradecer, primeiro a ELE, O PERSONAGEM dublado, DEUS, e aí vem uma lista, verdadeira árvore genealógica de gratidão, que começa pela minha avó e meus tios que me colocaram numa escola, onde conheci Elias Antonio Aguiar, que 20 anos depois me convidou e insistiu para montar uma rádio ao vivo no outlet em que trabalhava, onde contratei Renato Pellegrini, locutor recém formado, que me indicou a RB Produções (atual XRBM), onde através da Eliane, cheguei a Regina Bittar, que após teste, colocou-me entre os que gravariam naquela produtora de áudio, e através dela cheguei a Mauricio Domene da Next, que convidou-me para concorrer a Voz de Inauguração do Templo de Salomão, num trabalho dirigido pelo casal Bispo Renato e D.Cristiane Cardoso, em que fui ouvido pelo Vice-Presidente da Record, Bispo Marcelo Silva, assistido por Marcus Freire para esses assuntos, que por sua vez acionou o produtor Luiz Eduardo Pradella, para que me convidasse para os testes para a Novela Os Dez Mandamentos. Completam a lista o Diretor Alexandre Avancini e sua assistente Juliana Gama, que realizam o trabalho, e claro, minha Família que tanto me apoia.
Talvez haja outros nomes a agradecer, mas esta lista é aquela que o meu conhecimento alcança, diante daquilo que fui informado quando procurava a quem agradecer.
Pois agradecer é fundamental.
Agradeço à Record, esta vitoriosa!
Mais uma vez, muito obrigado aos aqui listados e todos que participam deste êxito, especialmente os que decidem. DEUS continue convosco capacitando-os, sempre.
Rapidamente desejo homenagear estes atores da voz, que com perfeição, nos dão a sensação de que o personagem do filme, programa, série, vídeo... Está falando em nosso próprio idioma como fosse seu natural, resultado também da direção, da adaptação das palavras em função do movimento labial sem comprometimento do conteúdo e de eventuais ajustes técnicos.
Há muitos métodos de dublagem. Eu conheci o de Herbert Richers Jr., herdeiro de um dos nomes mais famosos do setor, que considera uma série de características da interpretação original, e ensina que nada menos que a perfeição deve ser buscada, a chamada alta costura em dublagem.
Há casos de tanto sucesso, que a versão dublada é preferida a original. Que honra.
Mas há a dublagem que não tem lábios, ou expressão facial e nem sonora como referência, não naturalmente. Mas este é assunto para o artigo seguinte.
Este aqui é para reconhecer o trabalho destes profissionais tão talentosos, habilidosos, preparados, dedicados, estudiosos e geralmente anônimos, mas nunca menores.
Se no artigo anterior houve algum resquício de soberba, este coloca os pingos nos “is”.
Percalço é explicado como dificuldade, incomodo, transtorno.
Não nesta ordem. Mas assim acontece.
Um “r” retroflexo, a falta do uso do crânio ou da caixa torácica totalmente, um dente mais alto, a língua mais grossa, bronquite, laringite, rinite, sinusite, preocupações, neuras, provocações...
Acontece com os mais preparados e experientes.
Pra você que sofreu sua primeira “dificuldade”, anime-se. Acontece mesmo.
Numa dessas, eu vivi algumas, bem no início de carreira, o técnico consolou-me contando que um locutor famoso com mais de 40 anos de profissão não conseguia pronunciar a marca de tintas Sherwin-Williams. A possibilidade de ser verdade é grande, mas cada um sente sua dor.
Esta dor incomoda. Incomoda a decepção com o erro, com a limitação, com a falta de entendimento, a incapacidade de produzir o som pedido. Fragilidade, fraqueza. Como não se incomodar?
Mas isto deve servir para incentivar a busca da cura, que pode ser através da fonoaudiologia, otorrinolaringologia, um simples descanso, mudança na rotina, no pensar, no agir. Ouvir é fundamental.
Assim se vencem a dificuldade, o incomodo. Atitude!
Se não para aquele momento, para outra oportunidade.
Prepare-se.
Ela vem.
Com atitude já nos primeiros sinais de problema, evita-se potencializar a dificuldade e o incomodo, sem dar chance ao transtorno, este sim, não deve durar mais que um instante, sob o risco de minar o agente da reação.
Transtorno só traz raiva ou profunda tristeza. Aumenta o sentimento de humilhação, que na maioria das vezes nunca existiu.
Portanto, resiliência.
Percalços surgem para uma carreira ainda mais vitoriosa.
Basta humildade para reconhecê-los e gratidão aos que os apontam e com eles tem paciência.
Atitude, Humildade, Resiliência, Fé, Paciência, Gratidão, Amizade.
A dublagem é uma atividade da profissão do Radialista conforme a lei 6.615.
Porém quem fiscaliza as empresas dubladoras para que trabalhe apenas com profissionais credenciados é o SATED, que entende que só atores podem fazê-lo, amparados e cumpridores da lei 6.533.
Noutras palavras, quem dubla profissionalmente é ator.
Fácil de entender, pois este trabalho dará voz, na língua para qual é feita a versão, a atores como Al Pacino, Johnny Deep, Jim Carrey, Quentin Tarantino, ou, Eamonn Walker, pra citar um não tão conhecido, mas igualmente premiado.
Nenhum destes acima foi graduado ator por uma escola, assim como os famosíssimos Wagner Moura e Lima Duarte entre tantos outros atores brasileiros, e provavelmente nem o dramaturgo dos dramaturgos William Shakespeare.
Seja pelo autodidatismo, pela experiência junto a outros profissionais por anos, alguns desde a infância, por necessidade, ou pela combinação de tudo isso, desenvolveram o talento de interpretar a tal ponto que o fazem reconhecidos por público e crítica.
Iniciei minha carreira com a licença de Radialista, mas por focar meu trabalho em Publicidade, que naturalmente exige interpretação empática, maior vivência da mensagem e conhecimento de seu receptor, do que noticiaristas, anunciadores e cabines, as oportunidades para dublar apareceram desde os anos 1990.
No passado não representavam nem um décimo de tudo que eu fazia, mas nos últimos dois anos a demanda cresceu muito, por conta das empresas, dos mais diferentes segmentos, preferirem traduzir seus vídeos produzidos no exterior, do que iniciar uma nova produção nacional.
Assim vivi generais, soldados, médicos, presidentes, cientistas, cozinheiros, velhos e jovens, e outros vários personagens, seja em paródias de seriados famosos, aulas, vídeos institucionais, documentários e animações.
Alguns destes trabalhos traziam mais de vinte minutos de dublagem, tempo superior as falas de protagonistas num filme, ou muitos anéis, para quem prefere assim.
Oficinas e Workshops antes e depois a Carreira leva a participar de produções da TV e do Cinema, com grande sucesso, graças a DEUS, sem qualquer trocadinho, muito pelo contrário, o que facilita o reconhecimento.
Tudo por conta da história, da lembrança, da concorrência, da perseverança, da boa direção, do bom trabalho em equipe, da excelência, ousadia, oportunidade, novas concorrências, novas equipes, profissionalismo, mais ousadia, Família, Oração, Milagre, Dons.
Então, agora oficialmente, Dublador, o Ator da Voz.
No artigo passado, para o bom exemplo foi dado o nome: Amon.
Mas não convém, por muitos motivos, dar nome aos maus exemplos. Apenas o registro de um ou outro fato, para servir de alerta, e evidentemente evitar tais problemas.
Em 2012 atendi uma grande empresa, e na Nota Fiscal fornecida, a descrição informava sobre os limites da Locução, como o local e nome do evento em que poderia ser utilizada, para o que foi gravada.
O editor que atende esta grande empresa declarou que a Locução uma vez paga pode ser usada à vontade e desconsidera como e para que ela foi contratada, e pelo menos uma vez, quatro anos depois, usa a gravação numa nova montagem para um evento gigantesco tanto em público como em prestígio.
Procurada, a grande empresa não se pronunciou, e por insistência em vários meios, comunicou que nada faria a respeito.
Pior que errar, é não responder pelo erro, o que o agrava.
Note a diferença para este outro caso: atendia uma emissora de rádio AM, que certa vez teve a oportunidade de veicular parte de sua programação em FM, numa outra emissora.
Não comunicaram, pois acreditavam que eu ficaria feliz de ter veiculada minha voz em outra emissora de maior repercussão. Em tempos que pagam para aparecer, é um argumento compreensível, mas não válido quando se trata de profissionais e direito de voz.
Diferentemente do caso anterior, estes imediatamente acertaram uma proposta para reparo financeiro, e mais, uma nova proposta para seguir com o uso nesta outra emissora.
Felizmente este é o mais comum, um acordo pelo uso diferente do que foi contratado. Por muitas vezes presenciei comerciais com minha voz em veículos ou prazos além daqueles acertados, e depois de argumentações, devidamente remunerados.
A voz, por si só, é um direito do individuo naturalmente. Quanto mais o é para quem dela vive e tem-na como essencial em sua atividade profissional.
Portanto não é de admirar casos que o Magistrado pune quem não respeita este direito da personalidade ou do profissional da voz, com dezenas de vezes o valor original do trabalho. Já tive notícia de centena de vezes, quando foi usado trecho de uma espera telefônica num spot de rádio.
Pra encerrar esta, uma emissora líder de audiência nos anos 1990 ofereceu suas instalações para uma falsa contratação de locutores, uma “pegadinha”. O curioso deste caso, é que profissionais de locução serviram como testemunha de defesa, da emissora!
É lamentável quando profissionais da classe fecham os olhos aos direitos elementares, para atendimento a questões políticas e corporativas, e engrossam o coro dos que condenam os que buscam justiça, trocando o certo pelo errado por conveniência.
Este é um assunto desagradável, dá tristeza registrá-lo, mas o entendo como por, demais necessário, para mudar. Mudar!
Meu amigo Amon e sua esposa Laura, confiaram-me a Locução de trabalho social. Um vídeo de uso interno para algumas pessoas, que ao final tinha uma assinatura de 63 caracteres, uma linha, cerca de 2% de todo o texto.
Amon pensou em usar a assinatura noutro vídeo da mesma instituição, também para uso interno e pequeno público.
Ele então liga para mim, com tom cuidadoso, e pergunta se poderia usar a assinatura num outro vídeo, mediante 25% de acréscimo no valor que tínhamos definido.
Se fosse o texto todo para outra finalidade equivalente ou menor, a praxe do mercado é a cobrança de 50% adicional.
Acertamos facilmente os 25% de modo satisfatório para as partes.
Você deve estar se perguntando, o que tem demais nisso?
Realmente nada, tudo dentro do normal, de forma respeitosa entre profissionais da área artística e de comunicação. Algo comum. Como tem que ser.... Mas não é.
Amon, sabedor de que seu vídeo é de uso interno e para um público pequeno, num meio que eu desconheço e não tenho acesso, poderia usar a assinatura ou qualquer parte da Locução em outras produções quantas vezes quisesse, e eu não saberia disso, e assim ele lucraria mais com meu trabalho, o que infelizmente alguns fazem.
Mas isso será tratado no próximo artigo pra não sujar esse aqui, pois Amon e outros, diga-se, a maioria dos meus clientes, são pessoas íntegras, de bem, respeitosas, que sabem o valor do nosso trabalho e a importância dos direitos de cada um, e nunca faria algo que desrespeitasse o meu ou o de qualquer outro sobre o uso da voz que nos dá profissão tão honrosa e digna.
Viva o bom exemplo! Viva o direito de voz!
Não sabe quem é?
Poderia ser um Locutor como em All About Love de 1975, faixa do álbum que revelou That’s the way of the world e uma grande banda que ficou conhecida como a maior de todos os tempos.
Maurice White foi fundador e líder do Earth, Wind & Fire, um dos mais criativos grupos musicais e de muitos sucessos.
Do you remember?
Talvez isso ajude: bá di á...
September foi mais um destes hits, relembrada no início do filme Os Intocáveis e tantos outros, ou ao vivo na entrega do Nobel.
Mas a voz não foi o primeiro instrumento musical de Maurice.
Ele começou com percussão ainda garoto nas bandas de rua em Memphis onde nasceu em 1941.
No anos 1960 se torna o baterista da Chess Records, já em Chicago, onde grava discos como o de Etta James.
Em 1967 entra para o trio de Ramsey Lewis, ainda como baterista e o jazz continua como estilo principal.
1969 marca o início da banda, depois de um breve período sob o nome Salty Peppers, Earth, Wind & Fire, que desde o início se apresenta com R&B, Soul, Funk e Pop.
Em 1971 Maurice troca a primeira formação e mantém seu irmão Verdine no baixo, Phillip Bailey como vocalista, e Ralph Johnson na bateria, que lideram a banda até hoje.
Deste momento em diante é que Maurice solta a voz e compõe grandes sucessos, que o levam a participar de filmes como Sgt.Pepper's Lonely Heart's Club Band, com músicas dos Beatles.
Não é fácil descrever a voz de Maurice White. Grave mas com muito brilho, ao estilo de Lou Rawls, porém com maior flexibilidade e alcance, inclusive de estilo. Alguns o definem como pastor por sua relação de pergunta e resposta com a plateia.
Vocalizes, ruídos e até brincadeiras são muito comuns em suas atuações, tudo com equilíbrio, ritmo, alegria, sentimento e autenticidade.
Do final dos anos 1990 em diante passou a usar sua voz somente em estúdio, por sofrer do Mal de Parkinson, mas ainda de forma brilhante e muito agradável de ouvir, ainda que em poucos momentos se perceba alguma debilidade.
Desde 2003 faz parte do Hall da Fama dos Vocalistas, entre muitos prêmios que a banda recebeu, como Grammys e vários Music American Awards.
Mas muito além dos prêmios, do sucesso, da liderança, do pioneirismo e criatividade de Maurice White, o que é evidente em seu trabalho, é a alegria, a originalidade e satisfação em nos presentear com músicas que ultrapassaram os limites do dia 4 de fevereiro de 2016 em Los Angeles.
Sua voz será ouvida ainda por muitas e muitas gerações.
Fica aqui minha sugestão. Ouça Maurice White, certamente a melhor homenagem que se pode prestar a este grande artista, esta grande voz.
Saudades.
Eu iria falar de Frank Sinatra que completaria 100 anos neste mês, e em seu especial na tv, nenhum dos cantores que o homenageou chegou a seus pés.
Mas começarei com outro Sinatra, o que era da Bandeirantes.
Em virtude do trailer do Filme Os Dez Mandamentos (que publiquei trechos no meu canal no Youtube), em que tenho a honra de dividir a Locução com Walker Blaz, apesar deste não ter escolhido esse, a favor da verdade e total clareza para que ele eventualmente não se irrite, de minha parte com muita alegria.
Não é a primeira nem a segunda vez que estamos juntos no mesmo anúncio ou emissora, mas desta vez tem outra significativa coincidência.
Walker, desde cedo conhecido como voz de trovão, como ele mesmo afirma, era também chamado de a voz de DEUS, não por uma novela ou filme, até porque estes ainda não eram feitos por aqui, mas sim pela potência, a força de sua impactante voz.
Mas também por sua onipresença. Sim, onipresença.
A voz de Walker Blaz é tão impressionante que conquistou um grande feito: estar em emissoras de rádio e tv concorrentes. Ao mesmo tempo sua voz estava nas emissoras da Rede Bandeirantes de Rádio, e também na Rádio Transamérica ou Ômega FM. Assim como além de estar na tela da Band, anunciava o Big Brother Brasil na Globo e fazia as chamadas da HBO. Fez as contas? No mínimo seis emissoras ao mesmo tempo, e concorrentes, fazendo as chamadas de cada uma. Não estamos falando de publicidade, o que seria normal em várias emissoras. Falamos das chamadas e vinhetas, que geralmente pertencem a uma única voz e por isso é conhecida como voz padrão da emissora. Mas Blaz conseguiu quebrar também isso.
E esta onipresença aumentou ainda mais com o lamentável falecimento de Jorgeh Ramos que com Walker dividia o reinado dos trailers de cinema. Agora Blaz reina absoluto com méritos de sobra para tanto.
Mais uma coincidência: Walker Blaz revezou com Cid Moreira a Locução para os cigarros Marlboro. Dependendo de sua idade você irá se lembrar: “Venha para onde está o sabor. Venha para o mundo de Marlboro”.
Cid Moreira por sua vez tem sua voz vinculada a figura do ALTÍSSIMO por seu sucesso com o Conjunto de CDs mais vendido do Brasil, que trata exatamente da leitura bíblica, ou a Bíblia na Voz de Cid Moreira, que graças ao talento, notoriedade e a estratégia de jornais impressos, conquistou esta façanha.
Ultimamente tem se dedicado com ainda maior afinco as questões bíblicas, com vários vídeos e produções, a maior parte disponível na internet.
Um esteve por quatro décadas na Bandeirantes, outro por tempo semelhante na Globo. Ícones da Voz.
O primeiro jornalista que comentou a Voz de DEUS na novela Os Dez Mandamentos, mencionou o nome de Cid Moreira como referência à cena da sarça ardente, com a brincadeira de que a Record teria levado mais um talento da Globo.
Já publiquei que as diferenças são grandes e ainda assim que foi uma honra a comparação com um dos Locutores mais conhecidos do Brasil. Certamente entre os cinco mais notórios.
Bem, eu fiquei conhecido como Voz de DEUS desde julho deste ano, quando foi ao ar minha primeira participação na novela. Tenho gravado para a Record pelo menos nos últimos 14 anos destes 21 de carreira, e sempre com assuntos ligados a fé, mas esta é a primeira oportunidade direta.
Muitos outros poderiam ser chamados de “Voz de DEUS” seja pela voz grave, potente, repleta de autoridade e/ou amor, pela participação em dublagens de filmes bíblicos... A Record mesmo tem muitos. Mas não é o que acontece. Mistério.
Dos comentários de VEJA comparando-me com Cid Moreira, ao trailer do Filme em que tenho a alegria de participar apresentado por Walker Blaz, é a Voz de DEUS que nos une, seja pela profissão que escolhemos, o timbre de voz com que fomos agraciados pelo mesmo CRIADOR, ainda que bastante distinto entre nós, o compromisso com a sociedade de entregar a mensagem correta, ou simplesmente a alegria de trabalhar, viver com a melhor de todas as profissões.
Muito obrigado a todos os que fizeram e fazem isso acontecer.
Muito obrigado DEUS, a QUEM peço que os abençoe.
Feliz 2016!
Não que o locutor não interprete.
Os melhores conseguem sem passar pela escola de arte dramática.
Mas ainda assim são limitados, com pequeno repertório.
Raiva, paixão, alegria, êxtase, tristeza, indignação, raiva... São representados de forma única pré-estabelecida.
Mas minha voz é única. Eu sou um só.
Você sim. Mas sua Locução pode servir a muitas vozes.
Disse um Diretor: vou te desconstruir.
Busca-se o novo nas dezenas de anos de experiência de Locução.
Não é maravilhosa tal possibilidade?
Os clientes agradecem. Principalmente os mais exigentes.
Enriquecer o repertório, o conhecimento do ser humano, seus sentimentos...
Para poder falar aos mais diferentes públicos, inteligível já na respiração, do modo mais crível, honesto, vivido, convincente.
Dar o seu aval, a sua recomendação, do seu jeito, único. Excelente!
Viver, ser o avalizado, abraçar sua essência, é ainda melhor.
Considere isso. Supere-se.
Entregue mais e aumente suas oportunidades.
Locutor, seja também ator. Mas ainda mais. Locutor.
Permita-me desta vez, neste espaço, falar de um desconhecido.
Eu.
Não para promoção. Para agradecer.
Eu já fiz a voz do presidente da Bayer no Brasil, por mais de uma vez.
Falei a platéias ilustres, como nossos presidentes da República.
Estive no mesmo palco com Carlos Alberto Sardenberg ou Luciana Mello.
Em entrevistas com Ivan Lins na CBN ou Chitãozinho e Xororó na Rádio Globo.
David Gilmour, David Garrett, Robert Plant e Earth, Wind & Fire a minha favorita, são algumas das estrelas que fiz o comercial ou participei de alguma forma.
Um dos pouquíssimos recalls da Jaguar no Brasil, foi feito com a minha voz.
Aliás, representei todas as montadoras do país. E mais:
Petrobras, Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, BASF, MSD, Coca-Cola...
Pfizer, Itaú, Santander, Camargo Correa, Odebrecht, Bandeirantes, SBT, Globo...
Bons comerciais, como os das revistas e livros das Editoras Globo e Abril, por anos.
Campanhas políticas com vitórias significativas na maioria.
Enfim, as maiores marcas e empresas, e grandes personalidades.
Mais de 15.000 produções. Cem milhões de ouvintes ou telespectadores.
E...?
Provavelmente nenhum dos citados me conhece ou se recorda de mim.
E ainda não fiquei rico, como profetizou o então Presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, quando o conheci na Campanha de 1998.
Curiosamente o único que me conhece e até mais do que eu mesmo, e se importa comigo mais do que qualquer outro, é o mais importante de todos que representei:
DEUS.
Não é incrível?
Mas, calma. Não vou falar de fé, religião. O espaço aqui é para outro recorte.
Já tive a satisfação e a responsabilidade de viver este PAPEL, mas não com tamanha repercussão, como nesta que é considerada a primeira Novela Bíblica do mundo: Os Dez Mandamentos da Record.
Uma ousadia. Um sucesso!
Um presente, ou melhor, uma grande bênção. Pra mim. Pra todos.
Até para a Globo, que percebe e que tem que melhorar seu conteúdo.
Mas isso é tratado no outro blog “Ética, Política & Consumo”.
Para alguma utilidade de quem se vale deste espaço para a Profissão, acredito que a pergunta que fez Paulo Pacheco do UOL, deve ser registrada aqui:
Como é fazer a Voz de Alguém sem presença física?
Além das referências bíblicas, certamente a maior fonte, e do que tem sido aceito pelo imaginário popular, como filmes dos anos 1950, ou mais recentes como a animação O Príncipe do Egito da DreamWorks, e entre eles, Moisés de 1995, há a orientação da Direção de Alexandre Avancini, que traduz em Imagem e Som, o bem planejado texto da inspirada Vivian de Oliveira.
Com isso em mente, acrescenta-se a visão e conseqüente interpretação pessoal, que buscou representar um SER único, que existe por SI só, O EU SOU. AQUELE que não tem necessidade de se impor, pois é autoridade e poder máximo por essência. Ainda assim, tem a misericórdia de se fazer conhecer, de se relacionar com sua criação. Não há nada semelhante. Difícil, mas extremamente gratificante.
A fé nisso ajudou e liberou o sentimento, que procurou ser tão grande quanto a Voz.
Apesar da limitação humana, o objetivo tem sido alcançado.
No vídeo, olhos e ouvidos tem se maravilhado com a grandeza dos feitos de DEUS na libertação de SEU povo. Resultado de um roteiro bem trabalhado, de interpretações que se superam a cada capítulo, de efeitos especiais de uma grande equipe, fotografia e trilhas grandiosas que enriquecem ainda mais tão nobre tema.
O que quero dizer, é que a Voz é só um item em meio a inúmeros recursos e talentos. Ela completa e é valorizada por estes. Um belo e completo trabalho.
Só tenho a agradecer, primeiramente ao REPRESENTADO, que nisto tem muito me ajudado, a Emissora e sua Direção, a Produção que fez o convite e faz todo o contato, a Autora, toda Equipe Técnica e de Apoio, sem esquecer dos motoristas, das cozinheiras (o Restaurante do Elenco é muito bem servido), recepcionistas, seguranças, do Elenco de Atores mais gentis e fraternos que conheci, e da Direção e sua Assistência.
A Novela está no fim, mas como disse Mauricio Domene da Next, que deu origem a tudo isso ao se lembrar do meu nome para uma concorrência anterior, pelo que sou imensamente grato, daqui a 20, 30 anos, muitas pessoas ainda se lembrarão e comentarão o quão tudo isso foi importante na vida delas.
Se DEUS permitir mais esta Graça, serei uma delas.
Com todo o respeito a todos os meus clientes, produtoras, agências, emissoras, marcas e personalidades que já representei, que sabem que amo trabalhar e atender bem, seja de noite, de madrugada, nos fins de semana, feriados, férias... Sempre podem contar comigo, pois os prezo muito, mas este trabalho, por sua essência, foi o mais gratificante e o de maior importância pra mim. E aí tem mais uma lição: “Todo trabalho que fizer, faça-o como ao SENHOR”. Então, fique tranqüilo, pois será um prazer cada vez maior continuar atendê-los com crescimento contínuo de qualidade.
Muito obrigado! Graças a DEUS.
Uma pausa no estudo de valorização da Locução. Em setembro volto com as mídias fora de São Paulo para análise.
Em virtude de minha participação na Novela Os Dez Mandamentos da Rede Record, o tema crítica se tornou muito oportuno.
Nos últimos anos criticou-se muito a Locução de vozes fora comum, acima da média, bonitas, fortes, graves, que historicamente sempre chamaram a atenção.
Acreditou-se que a voz comum encontraria melhor resposta do ouvinte, que se identificaria com a narração e a teria como de alguém igual. Assim se evita a Locução distante, incomum, muito acima, como se fosse um deus a aconselhar, ordenar.
Eis então que a Voz de DEUS na Novela é criticada como “voz de comercial”.
Dá pra entender?
Está no comercial, a queixa é ser uma voz de deus. Está como Voz de DEUS numa Novela, reclamasse que é voz de comercial.
A crítica foi de Mauricio Stycer para o Portal UOL, repetida por vários sites e blogs que tratam de TV, todos seguidos de dezenas de reclamações ao colunista e sua matéria, felizmente.
O mesmo aconteceu com a Veja.Abril.com.br. Lá o comentário, com bom humor (ou deboche), comparava a Locução com algum talento projetado pela Rede Globo, mais exatamente Cid Moreira, como se isso fosse um problema. Pra mim, a comparação é mais um dos muitos e grandes privilégios que este trabalho tem proporcionado. Mas já respondi a esta no Soundcloud com uma comparação. Apesar de Cid Moreira ser excelente, ícone, a Direção exata de Alexandre Avancini, cujo perfeccionismo é elogiado nos bastidores, buscou outro caminho, igualmente notável, com base em estudos minuciosos da Bíblia, especialmente no contexto da história narrada, bem como a observação à contemporaneidade das novas técnicas de dramaturgia e formas de falar com o público. Já que falei do Diretor, vale comentar que a Equipe que acompanha a Gravação da Voz de DEUS é de pelo menos cinco pessoas. Além do Diretor, sua Assistente Juliana Gama, os Sonoplastas Wilson ou Antonio, e alguém da Produção, na última oportunidade, a Kelly.
A crítica fala ainda em voz grave e ressonante. Veja como a Bíblia, base máxima, descreve a Voz de DEUS: poderosa, majestosa, trovejante, grande, nos Salmos, e ainda de trombeta, de muitas águas, no Apocalipse, só pra citar esses dois dos 66 livros bíblicos. Pode ser grave e ressonante? O Pentateuco sugere, apesar desta grandeza, uma Voz Amiga, Próxima, com Enoque e o próprio Moisés. Isso explica a ligeira suavização em muitos momentos.
Tanto para o bem e para o mal, a crítica sempre encontrará argumentos. Logo, a intenção é o grande motor da mesma.
O bom crítico será razoável, coerente, livre de paixões ou pelo menos imparcial e conhecedor do assunto que aborda. Não há como criticar uma novela série bíblica, sem conhecimento da obra que a inspira, a própria Bíblia.
No tocante ao meu trabalho, agradeço muito os comentários. Entendo que a busca por melhoria deve ser contínua, e a crítica ajuda neste processo. A julgar pelos comentários do público aos dois artigos e suas repetições, estamos num bom caminho.
Agradeço também ao Avancini, toda a Equipe do RecNov, a Diretoria que indicou meu nome à concorrência, ao Victor da VHS, Mauricio Domene que lá atrás me chamou para um teste, e a todos que DEUS usou pra abençoar com esta oportunidade ímpar. Portanto, acima de tudo, Graças a ELE.
Por fim, o mais importante: a representação da Voz de DEUS estará sempre aquém, seja qual for o interprete, por melhor que seja e por mais que se esforce. Como disse o Apóstolo Paulo, repetindo o Profeta Isaías, “nossas justiças são como trapo de imundícias”. Ao contrário do que se possa imaginar, levar isto em conta só faz com busquemos melhorar cada vez mais. Muito obrigado.
No último artigo, prometi dar continuidade ao fato de locutores de São Paulo, praticarem preços semelhantes a outros estados, para peças veiculadas aqui, na Capital paulista. Uma vergonha!
Mas tenho que deixar para o próximo.
Pois apesar de tardiamente, tenho que registrar um fato que me comoveu e ao mesmo tempo me encheu de orgulho.
Foi em abril, por ocasião do enterro de Thomaz Alckmin na cidade de Pindamonhangaba.
Acompanhei com atenção, e claro, tristeza, pois admiro o Governador e tenho carinho por sua Família.
Eis que identifico no cortejo um Locutor. Dos melhores. KK.
Sua relação com o estado de São Paulo vai muito além de ser a voz deste ou das campanhas do PSDB. Já vem dos tempos da Cultura, onde apresentou o jornal por 13 anos.
O destaque aqui não é apenas ao Profissional da Voz, mas à figura humana por traz deste, à demonstração de humanidade.
Os próximos do falecido precisam deste apoio, que se materializa apenas com a presença, que por si só é uma homenagem, uma demonstração de respeito, carinho, com quem partiu, e solidariedade, amizade com quem sofre a perda.
Parabéns KK.
Apesar de sua ação ter sido da pessoa, do cidadão, do amigo do Governador e sua Família, a classe foi representada.
Obrigado.
Pra encerrar a análise sobre a valorização da Locução com base no valor da veiculação, comento os valores cobrados por inserção fora de São Paulo.
Se nos artigos anteriores sobre o assunto havia a preocupação de que o profissional que grava para veicular em São Paulo, especialmente aqueles que no estado mais rico do país trabalham, agora há o inverso.
Já está claro que o profissional da Locução fora da capital paulista recebe uma remuneração bem menor por peça publicitaria, sem exagero, de 10 a 100 vezes menos do que a média paulistana, e em alguns casos específicos, entre 200 e 800 vezes, mais uma vez, sem exagero.
Assim como aconselhei quem grava para exibição em São Paulo levar em conta os maiores valores aqui praticados, é verdade também que aquele que grava para fora também pode levar isso em conta.
Usarei a tabela da Rede Bandeirantes de TV para ilustrar a teoria, tabela esta 50% mais baixa em média do que a da Rede Globo, ou seja, a metade do custo. Abaixo também da Record e SBT, em torno de 25% em média.
O programa mais caro desta Rede é o Pânico na Band, cujo a inserção de 30 segundos, segundo a própria emissora, sai por:
R$320.000 nacional;
R$61.670 São Paulo;
R$36.800 Rio de Janeiro;
R$25.450 Porto Alegre;
R$17.265 Salvador;
R$7.265 Goiânia;
R$4.005 Manaus.
Hipoteticamente, o locutor que para São Paulo grava um comercial por R$1.500, poderia fazê-lo para Manaus por R$100, respeitando a relação com a audiência e a proporção da real tabela de veiculação aqui apresentada.
O trabalho pode ser o mesmo, a voz é a mesma, dispensou-se a mesma atenção, talento e experiência, mas para um público menor, diferente da cidade de São Paulo e talvez até de menor poder aquisitivo na média.
Tomando o exemplo acima como base, este hipotético locutor poderia cobrar então R$900 para o Rio, R$700 para Porto Alegre e R$200 para Goiânia.
Isso é impensável para alguns locutores, e respeito muito esta postura. Eu mesmo trabalho com valores mínimos ainda que sejam superiores a esta proporção, ou seja, cada profissional sabe a partir de que valor vale a pena se dispor a gravar. Fica a critério do anunciante e sua estratégia, se vale a pena pagar mais para ter determinada voz na sua cidade.
Há aqueles que não saem de casa por menos R$3.000, R$6.000 ou mais de R$10.000, e não adianta insistir. É o padrão de valor que estabelecem para seus serviços, e são muito respeitados, como devem ser, por esta postura.
Este artigo quer apenas completar a ideia de valorização com base no valor da mídia, de modo que se por um lado os profissionais devem levar em conta os valores praticados pelos veículos em São Paulo, que podem passar de R$100.000 por uma só veiculação, para valorizar o seu trabalho, e evitar assim baixos valores oferecidos por algumas produtoras, agências e clientes, é compreensível que colegas de outras cidades pratiquem, estes tais baixos valores, se levarmos em conta a diferença do preço da veiculação como aqui ilustrado, que pode chegar a mais de 15 vezes. Ainda assim, longe das 100 vezes que se pode encontrar nos cachês.
Assim encerro esta série, que teve por fim alertar o profissional para que avalie para onde vai sua voz, principalmente aqueles que praticam valores muito abaixo de seus pares.
Procure saber quanto custará a veiculação do anúncio para o qual está gravando e quantas vezes ele será exibido. Isso lhe dará uma ideia de quanto o cliente final está disposto a gastar com esta publicidade, e permitirá a você que tem um papel tão importante neste processo, praticar um valor justo e com bons argumentos.
Se você tem qualidade a oferecer, não tema o custo inferior como arma competitiva, pois quem deseja um trabalho bem feito, pagará por ele, pois busca sempre o melhor.
E não é com esses que você quer sempre trabalhar?
Valorize-se!
Como prometido, valores atuais do custo de inserções publicitárias.
Mas antes duas considerações. A segunda delas já falada aqui:
Conforme estudos do psicólogo Albert Mehrabian, professor da Universidade da Califórnia, quanto à retenção de mensagens, o sucesso depende 7% das palavras e 38% do tom de voz;
E, esta mensagem serve a todos, mas é especialmente dirigida para aqueles que veiculam suas locuções em São Paulo.
Isto posto vamos a alguns números atuais:
Veiculação de um comercial de 30 segundos no intervalo da novela das 9 na Globo: R$676.500,00;
E se for pela manhã, no Mais Você? R$65.400,00;
E pra mostrar que são números atuais mesmo, o anúncio de 30 segundos no intervalo do ainda inédito programa da Xuxa na Record, é vendido por R$296.800;
A novela da noite na mesma emissora, a segunda maior audiência do país, R$380.200,00;
SBT? A novela da noite tem sua inserção de 30 segundos fixada em R$320.179,00;
Estas são as 3 emissoras de tv com a maior audiência. Mas vamos ver também...
Band e sua Polícia 24 Horas R$122.400,00;
Rede TV! Com o Superpop pede R$116.900 por cada 30 segundos;
E na Gazeta, com audiência praticamente local, portanto não comparável as demais, apenas para constar, vende os 30 segundos do intervalo do Mesa Redonda por R$19.360,00 e os famosos Mulheres e Todo Seu na casa dos R$10.000, custo semelhante às melhores atrações da tv por assinatura.
Podemos dividir em dois grupos, Globo, Record e SBT num, e as demais noutro, para efeito de valorização da locução, com base no custo de veiculação.
No caso do primeiro grupo, há ainda a necessidade de saber se é nacional ou local, pois os valores acima se referem ao custo para veiculação em toda a rede, que tem em São Paulo o maior mercado.
Não tenho nada a ver com o quanto um colega cobra de cachê, mas acredito que ele pensará um pouco melhor ao saber que seu contratante pode ter pago R$700.000 por uma única veiculação em que sua voz representa 38% do sucesso na retenção da mensagem.
Verdade seja dita, boa parte dessas tabelas pode sofrer descontos de mais de 50%, dão veiculações gratuitas como bônus das contratadas, mas ainda assim, o que restar ainda justifica uma boa e segura valorização do locutor, agente fundamental do anúncio.
Valorize-se! Este é apenas um dos bons e razoáveis argumentos.
Retomando o penúltimo artigo, alguns números de 2007 para ilustrar minha teoria. Vale destacar que naquela época um automóvel de entrada custava cerca de R$20.000 e hoje custa R$30.000.
O argumento tenta convencer os locutores, primeiramente os que atuam em São Paulo, mas também aqueles de fora, que para esta Cidade enviam suas locuções, e estão praticando valores até inferiores aos de outras cidades com mídia menos abrangente e, portanto de menor custo. Muito menor: Santos, uma das grandes cidades do Brasil, cerca de 100 km de São Paulo, tem valores 90% menores.
Vamos aos números da mídia paulistana:
Para a veiculação de um único anúncio de 30 segundos no Jornal Nacional, o valor era de R$73.028,00;
Na principal novela da Globo, era R$76.109,00;
Saindo do Horário Nobre, no Globo Esporte, custava R$13.561,00.
Mas e se for fora da Globo?
Os mesmos 30 segundos, também na região metropolitana de São Paulo, custava ainda em 2007 R$15.360,00 para uma única inserção no intervalo do Jornal da Band.
Então, a pergunta é:
Quanto deveria receber um Locutor por este trabalho, cujo a veiculação custou entre R$15.000 e R$70.000?
E se ele foi veiculado 2, 3, 7 vezes no dia?
E se foi repetido nos dias seguintes? Meses?
Será que a voz do anúncio, que chama a atenção, conversa, explica, convence... não pode valer 10%... 5%, do valor da veiculação?
Pasmem: há quem receba menos de 1% do custo de uma só veiculação!
Profissionais do Norte? Do Nordeste?
Não. Aqui de São Paulo.
Pense nisso.
No próximo artigo procurarei trazer números atuais e de outras regiões.
Forte abraço e valorize-se!
Neste espaço já tratei da questão dos locutores de outros estados, em que a mídia é bem mais barata, atuarem em São Paulo, o melhor e mais caro mercado publicitário do Brasil.
Minha sugestão foi que o Locutor levasse em conta o mercado que sua voz seria exibida para fazer o orçamento.
Não faz sentido o profissional da Locução cobrar o mesmo valor para expor sua voz numa mídia de R$30.000 quando está acostumado numa de R$3.000 ou menos.
Não é exagero. A diferença entre cidades pode ser expressa por esses números ao redor do horário nobre.
Mas o que me surpreendeu esta semana foi o fato de que há locutores na cidade de São Paulo que estão valorizando seus trabalhos abaixo do que é pago em outras cidades, como Vitória, por exemplo, no Espírito Santo.
Se o locutor é de Santos, Sorocaba, Ribeirão Preto, Campinas, eu entendo, apesar de acreditar que cabe a sugestão acima quando trabalha para a cidade de São Paulo.
No próximo artigo oferecerei mais argumentos, pois não é possível agências, produtoras e especialmente locutores, aceitarem que seus clientes invistam milhares de reais na veiculação do anúncio, e não possam destinar 5% de uma única veiculação como cachê para a locução, que na maioria dos casos é essencial no comercial.
Dirceu Rabelo, provavelmente a voz mais ouvida do Brasil, já pronunciou o nome da atriz Winona Ryder de três formas diferentes, e assim é com muitos outros que anuncia.
Não é culpa dele.
E esta é a função deste singelo artigo, de absolver o Locutor das possíveis pronuncias equivocadas.
Para tanto, algumas experiências:
Também fui voz padrão de um canal de tv, e na ocasião a emissora recebeu reclamações pela pronuncia do desenho animado, G Force, e da série Seinfeld. O curioso é que quem deu a notícia das reclamações, foi o responsável por elas, o produtor. Como já fazia por alguns meses aquele trabalho, o diretor de chamadas já não acompanhava mais, e um dos produtores cuidava disso e determinou as tais pronúncias erradas.
Mas mesmo que o locutor, produtor ou diretor saibam a pronúncia correta, nem sempre ela vai pro ar. Tem o hábito, o popular.
Leroy Merlin é um exemplo.
Lembra do motor Fire da Fiat? Quando tive a oportunidade de apresentá-lo num programa de ofertas, o Auto Shop, tive que falar “faire”, pois era assim que o consumidor tinha se acostumado.
E por aí vai...
Pra finalizar, lembrei deste assunto porque nesta semana tive a satisfação de gravar mais uma homenagem a Samuel Klein. Segundo o diretor, o próprio já corrigiu a pronúncia de seu nome em uma entrevista, pois é polonês. Mesmo assim, gravamos da forma como ele é chamado pelos milhões de brasileiros que ele conheceu e atendeu tão bem, realizando sonhos.
Quem manda é o cliente!
Pode não parecer, mas locutor tem que ter paciência.
E isso ocorre em vários estágios do trabalho.
Pode ser na confirmação do chamado, na direção indecisa ou volúvel (pode acreditar, existem), nos horários descumpridos, exigências malucas... Mas neste artigo vou tratar apenas da conclusão do texto, esta peça tão amiga da Locução.
Até ele passar por várias revisões, natural. É o processo de consolidação da melhor idéia a propor.
Mas muitas vezes isso ocorre após a gravação.
Imagina gravar o texto, e por causa de duas ou três palavras, regravá-lo?
Em alguns casos é possível emendar só o trecho alterado. Mas nem sempre é assim. O momento é outro, a posição, o ar, o sentimento, percepção, nem sempre a referência da gravação original é possível, e pode ser necessário gravar uma parte maior, ou tudo.
As alterações ocorrem pelas mais diferentes razões: mudança do mercado, dos fatos narrados, números, por gosto de um novo e influente leitor.
Em outras situações a gravação é feita para que o cliente final tenha uma melhor idéia do que a agência ou a produtora propõe, e neste caso o profissional é avisado que as alterações são praticamente certas.
Até aqui tudo dentro do script, tranqüilo.
O duro é quando as mudanças ocorrem por falta de planejamento e a devida atenção, importância a aprovação do texto.
Ele vai sendo revisado na correria, sem a atenção devida, e perto de ir ao ar, é que se tem o cuidado merecido. Aí se tiver algo a alterar é aquela correria.
Felizmente isso acontece na minoria dos trabalhos, e com as agências e produtoras que trabalham com maior planejamento e atenção, quase nunca, e nem sempre é culpa do processo, mas de um cliente final indeciso, difícil.
Mas, paciência, calma, não faz mal a ninguém, e quem trabalha com a voz precisa.
Bom trabalho!
Inicio o último artigo de 2014, desejando um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de conquistas, harmonia, motivação e boas vozes. Que a narração seja positiva, contagiante, alegre, para cada um dos 365 dias que se aproximam.
Este breve comentário é sobre trabalho nas férias.
Há profissionais que “desligam geral” nas festas e dias de folga, o que é muito louvável. Respeito a si mesmo e especialmente à Família.
Não é meu caso.
Claro que respeito a Família e a mim mesmo. Óbvio!
Mas consigo uns minutinhos no hotel, e às vezes, até em trânsito, pra atender um cliente, principalmente se é o de sempre, e a peça é curta, como um anúncio de 30 segundos, por exemplo, ou um vídeo institucional com menos de 2 minutos, que são bastante comuns.
Com acesso a internet no smartphone, um notebook e um microfone USB de boa qualidade, ou ainda uma pequena interface de áudio profissional, conhecimento e criatividade, pronto, há um estúdio em cada esquina.
Evidentemente o atendimento não se dá instantaneamente como num dia normal, e nem com a qualidade total, o que vai variar muito do local e equipamento que está na mala de viagem, mas nada que uma conversa por celular não possa resolver e esclarecer. Pode ser que o profissional esteja descendo uma montanha russa, mas quando estiver no solo, se for este aqui, ligará tão logo acesse a mensagem, rapidamente.
Foco no cliente, atendimento de suas necessidades diariamente, qualidade, empenho, agilidade e experiência para encantar, para atingir os melhores resultados e perpetuar sua preferência.
Assim, Boas Festas! Boas Férias!
Feliz 2015!
Bons trabalhos!
Parece-me que eleger uma data para a consciência negra só aumenta as “diferenças”, que, aliás, já existia antes mesmo da influência branca, como se pode ver em artigos de quase todos os cursos de pós-graduação que tenham o módulo de sociologia, ao analisar o filme “Grande Hotel Ruanda”. Os orientadores adoram estudá-lo.
Mas o que era pra evidenciar o estrago feito por belgas, alemães e ingleses, só fez descobrir que a região já sofria com as lutas entre irmãos muito antes disso, exterminando, por exemplo, com tribos de pigmeus. Existia intolerância só pela diferença de traços e formas do corpo, entre os próprios negros. O problema não é pele, traço, forma, mas o próprio homem.
Mas este não é o assunto deste blog.
O Lundu trazido pelos negros para o Brasil precede o samba, que por sua vez dá origem a Bossa Nova. Presentes dos negros que formaram o Brasil. Emílio Santiago, Tim Maia, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, este último, aquele que foi perseguido injustamente por seus pares como traíra, delator da ditadura, por que quis dar um susto no contador que o roubava, usando amigos militares. Maldade. Mas seus filhos estão fazendo bonito. Tem tantas vozes que não dá pra listar.
Mas as internacionais também nos influenciaram. Michael Jackson, Stevie Wonder, e pra mim especialmente, Earth, Wind and Fire, que eu tive o prazer de ser o Locutor da chamada para o show, banda que ouço desde meus 12 anos, entre tantos outros, como George Benson ou Al Jarreau. Tem muitas vozes que fazem o ritmo de nossa formação.
Vozeirão? Isaac Hayes, Lou Rawls ou Barry White, e claro, James Earl Jones, este principalmente no cinema.
Mas e Locução? O primeiro que me veio à mente foi o Lázaro Procópio, que substituí em suas férias na CBN em 1999. Na Publicidade, a voz dos cartões Mastercard antes de Edinho Moreno, o também moreno, Gilberto Rocha.
Esta boa e ampla influência dos negros nos sons e ritmos, não tem preço!
Muito obrigado.
Certa vez, uma atriz não conseguia trabalho por ter sido apresentadora da campanha do Maluf. Tola perseguição. Maluf era apenas mais uma das marcas que promovia, e que anos depois, partidos como o PT correram atrás para ter seu apoio.
Para o Locutor o rigor já não tão grande, pois é praticamente anônimo. Poucos sabem de quem é a voz.
Assim há liberdade para o mesmo gravar um candidato ainda que não seja o de sua preferência.
Já que mencionei Maluf, eu mesmo gravei várias vezes para ele e seu partido, o PP, mas nunca votei nem e um nem em outro, e assim foi com muitos outros, a maioria.
O locutor de uma campanha política é irreconhecível, tanto que alguns eleitores chegam a confundir a voz de uma campanha com outra, acreditando que o mesmo profissional atende várias campanhas na mesma disputa.
Uma das razões para isso, é que os sábios e nada bobos marqueteiros, sabem que timbre de voz e estilo de narrativa mais encontra a aceitação como verdade no telespectador, que locução ele mais confiará. E isso é muito sério. Não dá pra arriscar.
Diante disso, pouco interessa se o locutor abraça ou não as causas defendidas pelo candidato ou seu partido. Na verdade ele pode até ser contrário a estas idéias, desde que seja profissional o suficiente para defendê-las, e mais que isso, convencer o ouvinte de que são as melhores para ele.
Além disso, dependendo dos limites morais do marqueteiro, o locutor terá que ter um estômago de avestruz, pois terá que dizer muitas inverdades, algumas até prejudiciais. Ainda assim, estará apenas cumprindo o seu trabalho.
Não direi que é um mero mensageiro, pois não é, uma vez que tem a obrigação não só de transmitir uma idéia, mas dar-lhe a credibilidade de quem nela acredita e a promove de tão boa que a considera. Mas não é responsável por ela.
Pior é quando nem o candidato acredita ou é responsável pelas idéias de sua campanha.
Mas esta é uma obrigação dos locutores, seja com produtos, idéias, personalidades, programas, políticos, de sua preferência ou não, ou até do que eles detestam.
Que venham os melhores trabalhos!
Já estamos perto do fim do primeiro turno das Eleições no Brasil. Temos um pouco mais de uma semana de rádio e tv pela frente. Desde meados de agosto estamos ouvindo as mais diferentes vozes que procuram defender as idéias dos candidatos que representam. Trabalho da maior importância e que eu modestamente conheço bem.
Tenho que destacar o trabalho do KK, ou Carlos Henrique Corrêa, especialmente nos primeiros programas de Geraldo Alckmin. Arrebatador! A credibilidade e energia que o candidato precisa estão ali, com a esperança de um Estado que será melhor. A TV Cultural perdeu um apresentador, mas o mercado publicitário ganhou um de seus melhores locutores.
Skaf também conta com uma boa voz. A do ator Reinaldo Gonzaga, repetindo a dupla que elegeu Lula em 2002, com ele o narrador e Duda Mendonça o marqueteiro. Voz forte e impactante que herdou do pai, também ator, Castro Gonzaga. Ambos fizeram carreira nas novelas da Globo, entre outras. Castro era o homem que soltava formigas pelo nariz em Saramandaia, primeira edição.
Outro que está em todas as campanhas, e também é muito competente, Nelson Gomes, que faz a voz do candidato ao senado, José Serra, e marca presença, ou onipresença, na Bandeirantes .
Não sei se é inédita, mas achei estranha a opção do PT, em repetir o locutor da campanha da presidente na campanha para o governador de São Paulo. A voz é de Edson Mazieiro, fundador do Clube da Voz, que pede votos pra Dilma e Padilha. Coube a ele a ingrata tarefa de dizer que Marina vai tirar comida da mesa do brasileiro com a independência do Banco Central, entre tantas outras mentiras petistas. Mas são ossos do ofício.
Não conheço as vozes que atendem Aécio e Marina, e esta última, tem locuções belíssimas e variadas. Não é uma voz a campanha toda. Apesar dos responsáveis pela comunicação da ambientalista serem chamados de novatos, estão fazendo um bom trabalho com o pouquíssimo tempo que tem, menos de um sexto do tempo de Dilma.
Pra encerrar, vamos para a campanha no rádio, que repete algumas vozes acima. O destaque é Joca, João Carlos Ribeiro, da Hora do Ronco. Ele faz um bom trabalho, o qual já domina no mínimo a mais de 25 anos, que é o de conversar de forma animada, dinâmica e descontraída com o ouvinte, e pela experiência, acredito que dirija uma equipe de locutores que apresentam o programa de Gilberto Kassab, candidato ao senado. A simpatia e bom humor formam amizade com o ouvinte, e isto se transforma em confiança.
Estou limitado a São Paulo. Certamente há muitos outros talentos pelo país a fora, que estão ajudando o eleitor a decidir.
Não é querendo puxar a sardinha para o meu lado não, mas confio firmemente que um bom Locutor pode mudar a história de uma campanha. Assim como também o bom redator, editor... É que a locução é o resultado final, aparece, tanto na tv, como especialmente no rádio. O timbre, a potencia, a confiança, a sinceridade, a indignação e a alegria, a amizade e credibilidade, darão ao eleitor a certeza que ele tanto busca.
A competência do político já é testada na eleição que ele faz dos que o representam. Daqueles que falarão dele e muitas vezes, por ele. Vale à pena investir bem. As últimas eleições têm mostrado que a comunicação na política é decisiva. Que bons políticos tomem posse deste conceito, e com eles estejam os melhores profissionais.
Seqüência do artigo da semana passada, apenas caso para ilustrar:
Fui convidado para uma concorrência que definiria a nova voz de ofertas de uma grande rede de varejo, com comerciais renovados diariamente na TV.
Venci. Graças a DEUS.
Um importante locutor, amigo da voz anterior, se queixou por eu não ter consultado este profissional, para saber o porquê ele não era mais a voz de ofertas.
Não entendi. Expliquei que participei de uma concorrência, e achava aquilo legítimo, natural.
Mas procurei o locutor anterior, que como de costume é sempre muito simpático, amigável, e contei a ele o ocorrido.
Ele disse que também foi convidado para a concorrência, que se deu pela troca de produtora para a gravação somente das ofertas, e recusou para ser fiel a produtora anterior, que sempre lhe prestigiou com bons trabalhos. Agradeceu a minha satisfação, me deu os parabéns, e disse apenas que não seria bom reduzir os preços de modo que esta não fosse a razão para a troca, e sim as qualidades do locutor em atender as novas exigências.
Não disse quanto recebia e nem eu perguntei. Explicou ainda que outros profissionais agem assim, e quando são consultados, procuram combinar, com aqueles que tem estilo semelhante para atender determinada demanda, o valor a cobrar, de modo que todos cobrem o mesmo valor.
Isso tem um nome e é ilegal!
Não disse isso a ele e encerrei agradecido a conversa ali.
Fiz por cerca de um ano a Voz desta grande rede varejista, com alguns comerciais em Manaus, Porto Alegre, e a esmagadora maioria em São Paulo, com mais de 300 anúncios.
Neste mesmo período eu fui substituído como Voz Padrão de uma Rede de TV, por outro colega daquele locutor do início, e ninguém perguntou nada pra mim.
Além disso, uma outra produtora parou de trabalhar comigo, e ao perguntar a razão, a reposta foi que eu havia passado a ser caro. Assustado, pois o valor era realmente baixo, perguntei duvidando se alguém tinha aceitado trabalhar por aquela quantia. A resposta foi positiva. Então perguntei quem, e recebi a grande surpresa: o antigo locutor de ofertas da rede de varejo, que me advertiu que não pegasse trabalhos com valores inferiores ao que os colegas praticavam. Que tal?
Semana que vem tem outro caso.
O artigo desta semana é impopular, desagradável, mas necessário para compreensão de muitos fatos que envolvem a carreira de um Profissional da Voz.
Em todos os meios há a má concorrência, desonesta, corrupta.
No da Locução infelizmente não é diferente, e talvez até acentuado. Algumas mentiras comuns: Fulano não grava mais, operou a garganta, se aposentou, enlouqueceu, está em crise, mudou-se... Alguns estão até mortos e nem sabem.
Outros inventam ameaças.
Não trabalhe com Ciclano que dá processo, rouba clientes, atrapalha o mercado com preços muito baixos, é ingrato, traíra....
Não pense que é coisa dos pequeninos profissionais, o que também seria inaceitável. Dos casos constatados, a maioria que faz uso desta estratégia repugnante, covarde e desonrosa, está entre os melhores, e são realmente bons.
Por que usam deste expediente, é um mistério. Talvez o mesmo que explique por que alguns já ricos façam uso de práticas ilegais para enriquecer ainda mais, quando bastaria fazer a coisa certa para o mesmo acontecer, sem prejuízo do outro.
A prática contagia editores, sonoplastas, assistentes, produtores... Que fazem isso geralmente pra continuar no círculo profissional, independente se é certo ou errado.
A origem de tal procedimento se dá pelos mais variados motivos, mas essencialmente defender o nicho de mercado. Mas pode levar em conta preconceitos e a falta de cumplicidade com a corrupção.
O que deveria ser uma análise técnica, uma avaliação de talento e resultado artístico, se dobra a política, ao relacionamento. Talvez isto explique por que tem tanta coisa estranha no ar, e gente competente de fora.
Semana que vem alguns casos práticos que vivi, pra ilustrar melhor esta questão. Tudo visando o benefício, não só para os profissionais da voz, mas toda sociedade. Uma contribuição insignificante, mas uma contribuição.
Alguns anos atrás, talvez 2010, 2011, meu Filho foi à BASF participar de um processo de seleção, num luxuoso prédio na Avenida Juscelino Kubitschek, no Itaim, bairro nobre de São Paulo.
Aos candidatos foi proposto um vídeo de apresentação da empresa. Meu Filho inflou de alegria ao ouvir minha voz na apresentação e compartilhou gostosamente comigo seu orgulho, um bom orgulho, de gratidão. Eu então, imagina?
Com a minha Filha a mesma coisa, ela que se formou em Publicidade em 2013 (meu Filho em Jornalismo em 2012), me deu o prazer de ser referência e a voz, para ela e seus amigos de grupo, de seus trabalhos de conclusão, apresentados no auditório da Metodista, que também tive a satisfação de acompanhar.
Como Locutor, Mestre de Cerimônias ou Apresentador, já tive o prazer de falar ou gravar para platéias e/ou com pessoas ilustres, entre grandes empresários, autoridades e celebridades artísticas.
Foi assim, ao vivo, para os herdeiros da Camargo Corrêa e convidados em Apiaí, onde tudo começou para esta tão bem sucedida empresa em sua primeira fábrica de cimento, uma de suas atividades iniciais.
Foi assim, gravado, para o presidente Lula e seus convidados na entrega do Palácio da Alvorada após reforma (o áudio foi publicado estes dias no https://soundcloud.com/cesar-willian-locutor/palacio-da-alvorada-com-locucao-de-cesar-willian), entre tantos outros vídeos para o Governo em vários períodos.
Foi assim, ao vivo, com Ivan Lins, em 1999 na CBN, e outras celebridades, seja em Eventos ou entrevistas.
Sem falar nos comerciais, ainda mais quando é do show da banda que você admirou a vida toda e tem a bênção de ser escolhido para gravar e até assistir o espetáculo, como foi o caso da última visita de Earth, Wind & Fire ao Brasil.
Escrevo tudo isso pra destacar ainda mais o emocionante momento que vivi no último dia 31.
Fui a Voz de um documentário de 18 minutos, exibido na inauguração do Templo de Salomão. Isso por si só já foi uma grande honra, seja pelo assunto (amo fazer narrativas bíblicas), seja pela qualidade do ilustríssimo público presente ao grandioso Evento. Pois, imagine o que deve representar esta construção para o líder da Igreja Universal, Edir Macedo, que já alcançou muitas conquistas e tem a igreja que fundou presente em mais de 100 países, além da segunda maior rede de tevê do país? Porém, ainda mais que isso, ou melhor, somado a tudo isso, foi estar entre estes convidados, neste momento tão significativo para tantos, ao lado de minha Família. Um presente! Uma honra! Uma combinação de muitas alegrias.
Registro aqui então minha gratidão, a DEUS, a Mauricio Domene, que me convidou para os testes, e ao casal Bispo Renato e Cristiane Cardoso, que dirigiram a gravação final. E mais. Fizeram com que eu recebesse os tão disputados convites, para que estivéssemos juntos com a presidente, governadores, demais autoridades, artistas, comunicadores e importantes empresários, que fizeram desta inauguração oficial um momento ímpar e inesquecível.
Mas vamos trabalhar, pois acabou de chegar o texto do GPTW. Mais um grande Evento. Não estou "me achando" não. Sei das minhas muitas limitações. Mas que a vida de Locutor tem muitas alegrias, ah, isso tem.
Graças a DEUS. Muito obrigado!!!
Certa vez o profissional de uma produtora de vídeos comerciais, numa dessas conversas sobre o mercado publicitário, dizia que um de seus clientes tinha a locução feita pelos próprios vendedores e que aquilo não influenciou negativamente nas vendas, o que fez com que se repetisse a prática.
Coincidência ou não, a produtora enfrenta dificuldades. É verdade que não está fácil pra ninguém. O cliente dele não existe mais. Faliu. Fechou todas suas unidades de vendas.
Há inúmeros casos semelhantes. Não é difícil localizar, pois a má publicidade geralmente está ligada a anunciantes fracos, que com má publicidade não conseguem melhorar sua imagem.
O público não é tolo. Eventualmente aproveita uma boa promoção, mas sem respeito à marca, pois esta mesmo não mostra respeito próprio ao oferecer um anúncio ruim.
O oposto, claro, é válido também. A Locução bem feita tem o poder envolvente de creditar à marca anunciada, as qualidades artísticas do bom anuncio. Ainda que a oferta não seja a melhor, a marca é fortalecida. O bom comprador, o constante, além da boa oferta, quer satisfação em sua compra, e esta vem com os significados do que adquire, boa parte deles desenvolvidos na comunicação dos seus atributos.
Consumidor satisfeito retorna, indica e fica feliz com a boa publicidade do que comprou. Tem cada vez mais a convicção de que fez uma boa escolha. Com uma boa Locução, se sentirá valorizado, especial.
Esta opção pela qualidade repercute por todos os envolvidos, criando uma cadeia positiva, próspera, mesmo que seja para anunciar uma oferta rápida. Pois a marca fica. Portanto, boa Locução, bons negócios, pra todos.
Ouvi ainda garoto que todos acreditavam no que este senhor falava. Acho que na época ele ainda não era chamado de Senhor Brasil, nome que acredito lhe caiu como uma luva.
Não é exatamente um Locutor, mas sem dúvida sua voz é uma de suas grandes virtudes, tanto que também canta e declama.
Tem um mundo de notícias sobre ele, de forma que me limitarei a informar que ele é de 1936, e antes de estrear como ator ou rádio-ator no fim dos anos 1950, foi sapateiro, frentista... E que minha inspiração vem de sua verdade, daí a credibilidade que tem. Como faço muitos trabalhos relacionados ao campo, não foram poucas as vezes que recorri a esta referência, inicialmente de forma gratuita, como sempre é com as influências. Ninguém escolhe o estilo ou estilos que abraça. Acontece.
Depois vem o estudo consciente, no meu caso até de memória, sem pesquisa propriamente dita. A influência já está em você, registrada. Mas a pesquisa consciente é recomendada, e o que posso adiantar é que Rolando Boldrin faz sua Locução tratando o interlocutor com intimidade, respeito, boa vontade, como se além de conhecê-lo, o desejasse bem, apesar da falta de identificação. Coisa de amigo. Naturalmente alguém assim tem sensibilidade acima do comum. Outra característica importante. Basta observar como trata as paisagens, pássaros, sabores...
Visite o site www.rolandoboldrin.com.br e saiba mais deste senhor direto da fonte. Pode vê-lo também na TV Cultura, onde já está há algum tempo, depois de ter passado por todas as emissoras, seja como ator ou apresentador, como foi o caso do Som Brasil na Globo. Aqui só me coube confessá-lo como influência, e das boas sô!
Assistindo o filme Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme de 2010, reconheci o ótimo Mauro de Almeida na dublagem de Gordon Gekko, personagem de Michael Douglas.
Gekko foi preso por fraude financeira. É um investidor que faz de tudo para ficar com bilhões de dólares. Tem problemas com os próprios filhos por conta disso. Não contarei mais que isso, para que você veja o filme com mais prazer. Por estes dias está em exibição na Rede Telecine.
O filme trata da especulação financeira e da crise das instituições financeiras norte americanas em 2008, e que tem reflexos em todo mundo até hoje. Vale a pena ficar atento aos diálogos sobre a quebradeira.
Uma crítica muito boa ao sistema financeiro e o socorro do Governo, sob direção de Oliver Stone.
A incoerência, que tive o cuidado de chamar de legítima, é que o mesmo Mauro de Almeida faz por anos a voz do Itaú, o maior banco privado do país. Facilmente você se lembrará daquela voz simpática, porosa, que fala “o banco feito pra você”.
A mesma voz pode participar de uma crítica as instituições financeiras, mas pode também exaltá-las.
Não tem nada a ver a crise dos bancos americanos com o Itaú, que vende saúde, mas aproveitei para falar sobre a capacidade das vozes estarem a serviço ou desserviço de um mesmo setor. Natural!
Eu mesmo já trabalhei para o PSDB e o PT. O PMDB e o PP. DEM e PCdoB. PSD e PSB. Volkswagen e Fiat, BASF e Bayer, e por aí vai.
Já vi no ar campanhas de montadoras diferentes com a mesma voz, no mesmo período de veiculação. Em outros segmentos, a mesma coisa.
O Locutor não tem nenhuma responsabilidade por isso. Atende apenas a demanda por sua voz. Vive disso.
Aliás, quem tem responsabilidade? Há algum mal?
As respostas poderão indicar sob que conceito está a Locução, que importância ela tem, e quais tem sido os critérios para a escolha do profissional da voz, para este ou aquele produto ou trabalho, nesta ou naquela temporada.
Alguém se importa?
63 anos
64 em 21 de julho
40 de Locução
10 Copas do Mundo narradas
33 temporadas da Fórmula Um com sua voz
5.000.000 só de salário por mês
Contratado até 2019
Mundiais de vários esportes
Mas agora só Futebol, Seleção, e Fórmula Um
Este é o carioca Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno
Há quem fale de suas gafes
Com estes números o erro é provável
Há quem fale de sua parcialidade, por vezes exagerada
Ainda assim é líder incontestável de audiência
É muito mais do que uma voz
Mais do que emoção, energia
Há conteúdo, vivência, experiência, relacionamento
Virtudes necessárias a todo Locutor
Galvão Bueno, a voz da Copa... do Brasil!
No seu ou outro estado
Geralmente nas madrugadas
Pelo menos dois meses de trabalho intenso
Prontidão e disposição integral
No estúdio em sua casa
Quarto de hotel
Cabine feita no comitê de campanha
Na melhor produtora da região
Ou até no seu carro
Ministros, senadores, governadores farão parte do seu dia-a-dia
Atores globais e músicos famosos serão seus colegas de trabalho
Jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas, editores
Publicitários, marketeiros, diretores
Tia do cafezinho, da limpeza, o motorista
Uma grande equipe, um grande trabalho
Todas as linguagens, todos os fatos
Cuidados com seu conforto, sua voz
Cachê que pague a distância da família e a dedicação integral
Geralmente recebido
Antecipado, garantido
Parcelado, nem sempre
Na TV, no Rádio, em rede
Edificam, protestam
Explicam, infirmam
O ontem, hoje e amanhã
Prometem, convocam
Certificam, testemunham
Carências e esperanças de um povo
Experiência única, rica, muitas vezes histórica
Uma, marca, ideia, como tantas outras
Mas inseparável da vida do país
E decisiva para os seus caminhos, o seu futuro
Viva as vozes das campanhas!
1998 foi um ano de virada. O meu trabalho começava a ser reconhecido depois de uma belíssima e vitoriosa campanha política. Mas não sem antes passar por umas boas.
Fui convidado pela Rádio Cidade para um teste e com a promessa de um salário acima da média. Era uma famosa emissora. Ouvi a rádio com atenção para me preparar. Treinei o timbre, a velocidade, os termos mais comuns, o tipo de linguagem.Ao entrar na emissora, num prédio da Avenida Paulista, pelo menos 20 candidatos. Muita gente espalhada numa sala enorme.
Durante a espera, conversei com um, com o outro... Observei os concorrentes, e percebi que a maioria era despreparada. Estranhei, mas meu otimismo não me deixou desconfiar.
Reclamei da demora, mais de uma hora, e em minutos fui conduzido para uma cabine de gravação. A pessoa que me levava, chamava minha atenção para o fato de que o diretor que conduzia o teste era muito rigoroso e esquentado.
Comecei muito bem. Estava bem preparado. Mas fui interrompido com críticas ao meu grave. Assimilei, mudei e segui. As críticas não pararam, de todo o tipo. Pensei que podiam fazer parte do teste, pois o equilíbrio é um requisito do locutor, em especial o do ar, ao vivo. Num momento pedi que ele fizesse como queria, mas ele preferiu mudar de texto. As interrupções, grosserias e críticas, continuavam. Até que repentinamente alguém entrou no estúdio entregando uma notícia de última hora para ir ao ar urgente. Tive então a certeza de que tudo era um teatro, mas na minha mente, para avaliação do candidato, e fiz a nota, esquisita, sobre estatísticas da preferência de homens e mulheres. Parecia cômica, e assim a fiz. Ao final a nota dizia que o locutor que vos fala, acabou de participar da Pegadinha do Raul. Neste momento uma multidão entra na cabine fazendo festa, me abraçaram, e um deles me dá uma prancheta, pedindo que assinasse uma espécie de declaração, acredito que se aproveitando o atordoamento que tudo aquilo causara.
Instantes depois, mais calmo, pedi de volta a tal declaração e expliquei que tinha trabalhos e clientes importantes e que aquele vexame não poderia ir ao ar, zelando por mim, e por aqueles que em mim depositaram sua confiança e me respeitaram.
Com muito custo, e depois de muito argumentar, o diretor da pegadinha devolveu a declaração.
Um deles veio me dizer que sabia que comigo iria dar problema, pois reconheceu meu nível profissional. Mas independente disso, nenhum dos que ali buscavam uma oportunidade na famosa rádio, deveria ser humilhado. Fomos enganados, pois achávamos que tínhamos a chance de um emprego, e tudo não passava de um quadro de TV para divertir os telespectadores. Não pude avisar ninguém, pois me conduziram a outra saída.
Claro que isso parou na Justiça, até para tentar evitar que se repetisse em qualquer segmento.
Rapidamente tivemos uma audiência de conciliação no Fórum João Mendes em São Paulo.
A Rádio se negou a pagar qualquer indenização, apesar de ceder seu espaço, nome e funcionários, incluindo locutores e um deles ainda depôs a favor da emissora. Por outro lado, a Produtora Luar, respondendo pela TV, assumiu tudo e fez uma proposta que meu advogado aceitou prontamente. Repare que Luar ao contrário é Raul. Isso mesmo, a produtora de Raul Gil assumiu tudo, e por este ocorrido, segundo uma revista que me procurou para cobrir o caso (eu recusei), o “seu Raul” tirou do ar o quadro de pegadinhas. O advogado dele teve o cuidado de dizer ainda que aquela oferta de reparo estava longe de cobrir o desrespeito a um profissional tão qualificado, mas era uma questão de possibilidade financeira. Falando assim, até parece que foi muito. Não foi. Menos que dez salários mínimos. Mas teve o efeito de reparar e a desculpa foi aceita com louvor.
Tempos depois a Rádio Cidade deixou de existir.
No ano seguinte, 1999, fui convidado de uma TV para ser o repórter de uma pegadinha, e recusei.
Causa perplexidade locutores participarem deste tipo de ação. Certamente um deles levou meus dados para a emissora de rádio, e ainda outro a defendeu mesmo essa tendo enganado dezenas de locutores ou aspirantes com um emprego falso.
Fica o registro positivo a Raul Gil e sua Produtora Luar pela postura no caso e ação reparadora.
Vamos aplaudiiiiiiiiiiiiiirrrrrrrrrrrrrrrrr!!!
Fui voz padrão por um pouco mais de um ano de uma emissora de TV em São Paulo, um dos melhores trabalhos que tive até hoje tanto como realização quanto praticidade, e tive o prazer de gravar os títulos de algumas temporadas de séries antigas que eu assistia na minha infância. Um sonho! Não sei por que razão, os direitos da dublagem não incluíam a locução o título. Fiz com prazer, assim como todo o restante do trabalho, que incluía narração de especiais e chamadas de filmes. Demais!
Mas ao sair da rede, combinei com a direção que em 30 dias minha voz deveria ser retirada de todas as chamadas, vinhetas, inclusive estes títulos dos seriados. Um prazo bastante razoável, tanto que foi de comum acordo.
Mas infelizmente, passados os 30 dias, a emissora continuava usando minha voz. Fiz alguns contatos com a direção artística, mas fiquei só com promessas. Foram cerca de cinco meses de descumprimento.
Fui comentar o ocorrido com o sonoplasta numa visita, e ao encontrar com o diretor artístico, este foi muito hostil e se queixou do comentário com o profissional que montava os áudios, e me disse coisas muito ruins, como se eu ainda fosse um funcionário e tivesse feito algo muito grave.
Não resisti e enviei um comunicado para o RH da emissora, pedindo a reparação do uso indevido da voz, que até então continuava no ar todos os dias.
Fui chamado pelo Diretor Geral da TV, o mesmo que me contratara, e ele até falou da possibilidade do meu retorno, mas como voz de oferecimento, e que isto não tinha nada a ver com a negociação que teríamos naquele instante. Ao iniciar os acordos, ele teve o cuidado de alertar de que aquela minha ação provavelmente me fecharia portas na emissora, e em seguida fez uma oferta, que deveria equivaler a uns cinco salários que eu recebia, e assim concluímos. Nos dias seguintes minha voz foi retirada dos títulos das séries.
Se fosse hoje, provavelmente eu teria a mesma conversa, que foi agradável, com o Diretor Geral, mas recusaria a remuneração, que ficou como símbolo de um “castigo” à TV, que não teve culpa do mau momento do seu diretor artístico. Deveria ter ouvido com mais cuidado o alerta do Diretor Geral, e aprofundar a conversa sobre a possibilidade do retorno como voz de oferecimento.
Aprendi que o orgulho e a inflexibilidade no fazer valer o que é direito, não levam ao melhor caminho, apesar de estar certo.
Hoje eu faria diferente e quem sabe, poderia ter muito mais do que e pequena reparação que preferi receber, e certamente mais realizado, coisa que o dinheiro não consegue sozinho fazer, por maior que seja a quantia.
Só resta pedir desculpas pela dureza, e agir melhor em outras oportunidades, se surgirem.
Dando seqüência ao assunto da semana passada, relato o meu primeiro caso, que foi tratado na Justiça Trabalhista por iniciativa do Sindicato dos Radialistas de São Paulo.
Fomos visitados pelo Sindicato na Emissora para a distribuição de um jornal da entidade, e na entrega do folheto foi-nos perguntado se estava tudo bem.
Relatamos o que estava ocorrendo. Eu tinha 6 meses de salário irregular. Recebia só metade, além do décimo terceiro salário do ano anterior ainda pendente. Minha situação era a melhor de todos. Alguns tinham 2 anos de pendências entre salários ou parte deles, décimo terceiro e férias, sem contar o Fundo de Garantia que não era depositado.
Na negociação com os proprietários, quando atendidos, ouvíamos algo como: por que não conseguem algum trabalho melhor?
Aceitamos a sugestão do sindicato de fazer uma greve, junto com os dubladores que participaram ativamente com distribuição de panfletos e carro de som pela avenida Paulista. O ano era 1997.
Fizemos tudo dentro da lei, com telegrama enviado aos proprietários com a antecedência exigida.
No dia marcado, o sindicato compareceu à emissora e anunciou aos ouvintes a greve, o que tirou a rádio do ar por algum tempo. Não me lembro se minutos ou mais de uma hora, quando o coordenador chegou e assumiu o comando, recolocando no ar apenas com músicas. Neste momento ele me advertiu que eu não trabalharia mais em rádio nenhuma. Estaria marcado pra sempre.
Na verdade, o terror já era anterior, pois o momento difícil da empresa levava oficiais de justiça ao nosso local de trabalho. Eles nos convidavam a ser fiéis depositários de algum bem, ou seja, passamos a temer quem nos visitava, pois isso poderia representar alguma complicação judicial, só por trabalharmos numa empresa inadimplente, e não havia quem controlasse a recepção, nem segurança. Fomos então orientados pela diretoria a não receber mais ninguém. Imagine isso. Alguns colegas de outras emissoras não entendem isso até hoje. Basta colocar-se no lugar.
A greve durou cerca de uma semana. Os proprietários que estavam relutando em alugar algumas horas aceitaram alugar toda a grade. A meu ver não foi um mau negócio, especialmente por que não conseguiam vender um único anúncio, e desde então estão com a emissora alugada, há 17 anos.
Só com o acordo inicial do aluguel, acertaram todas as pendências trabalhistas de todos os funcionários.
Antes do fim oficial da greve, uma locutora aceitou voltar a trabalhar, e nos avisou de tal ação, acreditando que o objetivo da greve tinha sido alcançado, pois ela tinha recebido o que era devido. Mas não funciona assim. Tudo tem que ser documentado, afinal, o sindicato propôs uma ação, e teríamos que ter o seu amparo legal também para o retorno, com o compromisso da emissora em saudar sua dívida com os funcionários firmado.
Eu retornei ao trabalho só após a orientação do sindicato, simplesmente pelo entendimento jurídico, necessidade legal, e nunca alguma simpatia com o sindicato ou antipatia com a emissora, e fui aproveitado pelo locatário. Uma fase muito boa. Tive um programa de destaque, das 14 às 19 horas. Antes era das 11 às 15. Mas durou pouco. Cerca de seis meses após a greve, o proprietário pediu que eu fosse demitido sob pena de não renovar o contrato de aluguel, segundo o locatário.
Recebi tudo corretamente.
Se a perseguição prometida pelo coordenador, infelizmente já morto prematuramente há alguns anos, se cumpriu, é um mistério. Coisas estranhas em importantes emissoras pelas quais passei aconteceram, mas outras muito boas também.
Já procurei os proprietários por algumas vezes para uma conversa amigável, mas nunca fui recebido.
Fica aí para sua avaliação este episódio, onde a busca legítima de direitos pode ter sido entendida como ação de ingratidão, pois vale destacar que esta foi a primeira emissora que abriu as portas para o meu trabalho profissionalmente.
De minha parte sou grato pela oportunidade de trabalho e entendo a greve como uma ação legítima e necessária, principalmente para os demais que tinham mais atrasos do que eu, que igualmente necessitava daqueles recursos para manutenção familiar, e depois de tantas conversas infrutíferas. Entendo ainda que a ação obrigou (e esse talvez seja o desconforto) a uma atitude com resultados muito positivos e que garantem a sustentabilidade do negócio até hoje e a recuperação de patrimônios perdidos naquela ocasião.
Avalie.
Você prestou um serviço e não recebe na data programada;
Acertou que o anúncio que gravou seria veiculado por um mês e já está no ar há dois;
A Praça de veiculação era uma e você soube que foi veiculado em outra;
A gravação era para um evento e foi utilizada num anúncio de rádio;
Disseram que era só um teste e a gravação foi aproveitada sem o devido pagamento...
O profissional da voz enfrenta muitos descumprimentos de contrato. Alguns por mera desinformação, despreparo, ou descaso com as questões legais. Outros, por má fé, ganância, falta de caráter.
Seja qual for a razão da falha, a primeira providência é uma boa conversa, um acordo, pedindo a reparação.
O prazo e número de oportunidades que dará para que se cumpra o acordo é particular. Cada situação é única. Levam-se em conta os argumentos do cliente, sua situação, a atenção dele ao fato, qualidade e tempo de relacionamento, a falta em si...
Esgotadas as oportunidades de acerto, e o problema ainda persiste, a via jurídica é uma alternativa legitima e amigável. Amigável sim, pois está apenas estabelecendo um terceiro, do qual se espera autoridade, conhecimento, sabedoria e isenção para tratar um assunto ainda não solucionado, mas preservando os laços de união.
Mas prepare-se, pois não é assim que pensa boa parte destes que descumprem os acordos. Já desde a primeira providência acima, poderão considerá-lo um ingrato, um fornecedor ruim, e até é possível que procurem difamá-lo, criando uma imagem negativa sua no mercado. Ou seja, apesar de estar certo, pode perder um cliente, portanto novos trabalhos, e ainda corre o risco de ser mau visto, pelo menos por aqueles do circulo deste cliente.
Parece não ter saída, mas, calma. Há 20 anos eu criei minha empresa de gravação de locução, e posso dizer que este tipo de cliente não chega a 10%. A maioria é bom pagador, usa corretamente a gravação, respeita o profissional e a pessoa, entendem que estamos todos juntos.
Problemas acontecem. Quando falo de atrasos, só tomei ou anunciei tomar providências de caráter jurídico depois de um ano de atraso com produtoras ou seis meses de atraso em salário no caso de emissoras.
Errei com alguns, não levando em conta o histórico extremamente positivo. Fica aqui esta dica. Outras serão dadas oportunamente quando voltar a este assunto, sempre pensando em prestar um serviço à classe, relatando casos que vivi.
De modo geral evite os processos. Não trabalhar com clientes suspeitos já é um bom começo.
Respeito ao seu trabalho. Este é um de seus maiores direitos.
A melodia veio fácil na cabeça não foi?
Esta é a maravilha de um trabalho bem feito, pela pessoa certa, pela voz adequada.
Mas acredito que o seu primeiro grande sucesso não foi esse, mas escrevo de minha memória. Disparada deve ser a música que o tornou famoso, defendida num daqueles famosos festivais de Musica Popular Brasileira da tevê Record, no caso, o de 1966.
Quer ouvir novamente a melodia em sua mente? Acho que bem apropriada para o momento: Prepare o seu coração, pras coisas que eu vou contar... Lembrou? A música começa lenta, com a voz grave e depois uma batida dinâmica toma conta... A Disparada: Na boiada já fui boi, mas um dia me montei... Fácil né?
Desculpe. Se você nasceu depois dos anos 1970 não deve ser tão fácil assim. Mas vale a pena pesquisar sobre o primeiro rapper brasileiro, como o próprio confirmava.
Ele cantou com renomados instrumentistas, como os do Zimbo Trio, e ao lado das grandes vozes do Brasil, como Elis Regina. Não é pouca coisa.
Que temporada essa! Outro dia foi Paulo Goulart. Por estes dias José Wilker, que vinha fazendo os comerciais dos Correios, e sua última dublagem foi ao ar recentemente num documentário sobre Ayrton Senna. Emocionante. Sem falar na sua carreira de ator e diretor com inúmeros sucessos. Agora, mais uma voz se vai.
Temos um consolo. Além de poder rever a obra de cada um deles, temos Luciana Mello e Jairzinho. Feras! O pai trabalhou muito bem. Ensinou tudo direitinho. Isso é Voz!!!
Fica na memória a alegria, energia e simplicidade deste brasileiro: Jair Rodrigues, e claro, sua música:
Vem balançar. Amor é balanceio meu bem, só vai no meu balanço quem tem, carinho pra dar...
Muitas produtoras oferecem trabalhos “no risco” aos seus clientes, o que significa que poderão ou não receber o valor desses trabalhos, de acordo com o interesse do cliente em utilizá-los.
Há casos ainda que o cliente pede uma “prova”, ou seja, neste caso ele quer um trabalho, mas antes deseja testar formatos, vozes...
Para o locutor, aliás, para todos os envolvidos, o trabalho é o mesmo do que um trabalho final, normal, aprovado.
Existe então a questão do custo, pois nem sempre é coberto, uma vez que corre o risco de não ser contratado, e se contratado, talvez com outra voz, por exemplo.
Minha sugestão é cobrar 50% do valor final limitado a um mínimo, e se aprovado, cobrar o restante.
Mas muitas vezes a produtora não tem capital para o projeto e não receberá nenhuma verba do cliente final. E ai?
Se a produtora todos os meses te passa trabalhos, não há o porquê não atendê-la graciosamente. É a tal fidelização.
Há casos ainda que um amigo, ou a indicação de um amigo, faz parte da ação, o que também pode justificar um trabalho gratuito conforme a necessidade.
Por fim, há aqueles que nunca passam trabalho, fazem muito pouco, ou desejam apenas conhecer seu serviço, e aí cada caso é um caso. Você pode fazer pelo mero e nobre desejo de ajudar, pelo prazer de um tipo específico de peça, uma aposta num mercado futuro, ou simplesmente negar.
Via de regra, todo trabalho tem um custo, demanda atenção, dedicação, preparo, tempo e, portanto, deve ser remunerado, ainda que seja com a promessa de futuros trabalhos. Mas prepare-se, nem sempre essas promessas se cumprem. Com clientes assim, é melhor cobrar.
O artigo desta semana é fruto da conversa com uma colega locutora, quando constatamos que há um movimento para baixar os cachês baseado nas mudanças tecnológicas, especialmente nos últimos 10 anos.
É fácil concluir que a evolução tecnológica não alterou em nada a essência do trabalho de um locutor ou ator. O que tem a ver o cachê do locutor com o tamanho da câmera de vídeo, com os softwares de edição cada vez mais completos e rápidos, com equipamentos cada vez menores que reduziram as salas e facilitaram o transporte, ou com a facilidade da transferência de áudio e imagem?
Então quando se reduz o preço de um anúncio, ou de um vídeo institucional, por facilidades tecnológicas, deve-se restringir o cálculo à participação que este tem no custo. Simples.
O locutor continua empenhado em responder as mesmas exigências, se não certamente maiores, do que 40 anos atrás, e em alguns casos somou às suas atribuições a gravação da locução.
Portanto, a resposta é não. Valorize a locução!
Locução é amor pelo ouvinte.
Deseja-lhe bem, ainda que procure adverti-lo.
Locução é viver o produto, a marca, a ideia, o nome, a pessoa.
Uma voz que entra no coração. Essa é a boa locução.
Uma mudança no tom ou o silêncio...
...anuncia que algo grande vem por aí.
Emoção pura...
...ainda que trate de máquinas, dinheiro, moda, lugares.
Mas ela fala com pessoas. De pessoas para pessoas.
Antes de tudo a locução é humana.
Ainda que a voz pareça celeste, divina, poderosa...
...mas é humana.
Sabe falar com o outro seja em que tom for.
Descobre como comunicar-se, faz-se entender.
Mais que isso, encanta, convence...
...motiva, impressiona, questiona, provoca.
Tenho certeza que uma voz fala ao seu ouvido enquanto lê.
Como é esta voz? Como são as pausas? Sorri?
Viu só, ou melhor, ouviu só: A locução está dentro de você.
A voz dos seus pensamentos, das suas leituras.
A voz não. As vozes.
Tem uma para cada momento, cada personagem.
Não é uma maravilha?
Ela está sempre aí, em todo lugar.
Viva a Locução!
Muitos dos locutores publicitários mais apreciados vieram das rádios AM Difusora e sua maior concorrente, Excelsior. Estas musicais, pois outros vieram da Bandeirantes, dedicada ao jornalismo.
Destes, só me lembro do Antonio Celso e sua “Excelsior, a máquina do som”, talvez Dárcio Campos e Barros de Alencar, pois eu tenho outras referências de rádio. Veja se conhece alguns destes:
Mike Nelson;
Julinho Mazzei;
César Rosa;
Serginho Leite;
Paulinho Leite;
Marcelo Zammarian.
Em comum, todos estes eram da Jovem Pan FM: ZYD 8, 2, 5, Rádio Panamericana S/A; a sua Jovem Pan 2 operando em 100,9 MHz; O FM mais vivo de São Paulo!
Fora dessa turma apreciava a voz da Transamérica que não se identificava e era bastante séria, apresentando só o nome do cantor ou banda bem no início de sua entrada, semelhante ao que acontecia na Gazeta FM. Da pra acreditar que estas rádios tinham uma locução séria, sóbria? Mas magníficas, coisa de voz de cinema.
Mas voltando a Jovem Pan, certamente a rádio que mais ouvi na adolescência, a locuções eram muito amigáveis, macias, e de gente que apreciava de mais música, especialmente norte-americana, numa época em que não se achavam fáceis os lançamentos. Comentavam sobre a produção, os instrumentos utilizados, muitas curiosidades sobre os artistas, a discografia, novidades...
Fica aí este registro destes nomes que fizeram uma das rádios de maior sucesso no país, e que certamente estão em alguma parte de minha locução como boa influência.
Obrigado.
Duto Sperry, diretor que viaja o mundo todo, e tem muita
autoridade na condução de seus trabalhos em cinema e vídeo, certa vez me disse que eu deveria ouvir locutores estrangeiros, como russos, por exemplo. Segundo ele, isso enriqueceria meu trabalho, pois aliado ao timbre que ele já apreciava, me tornaria um profissional diferenciado.
Já relatei aqui a influência e a inspiração de outros profissionais.
É inegável a importância de ouvir, pesquisar, aprender.
Enriquece o repertório, traz novas possibilidades.
Saber ouvir, nos permite selecionar e tratar o efeito do que ouvimos para uso em nossa locução. Por exemplo, gagos e aqueles que arrastam no sotaque. É uma espécie de laboratório. Se Duto se referiu aos profissionais, eu acrescento as vozes do dia-a-dia, especialmente quando vivemos a busca de uma publicidade cada vez mais próxima do consumidor, de igual para igual (mas isso eu abordo num outro artigo, pois tenho minhas ressalvas).
Acho que não trago nenhuma novidade, visto que sabemos que os surdos não mudos têm dificuldade em falar exatamente porque não tem referência auditiva.
É isso. Ouvir as melhores locuções nacionais e internacionais para fazer algo novo e cada vez melhor, e as vozes do dia-a-dia pra laboratório. Tudo para enriquecer o repertório, o que é excelente e necessário neste mercado tão qualificado e competitivo.
Como saber o que é bom ou não? Só esta preocupação já enriquece e definirá o seu estilo próprio, só seu, conforme sua percepção, interesse, dedicação e desenvolvimento.
Meus amigos de rádio talvez não fiquem muito felizes com a minha publicação desta semana, mas espero que entendam.
É cada vez mais freqüente o spot produzido na própria emissora que o veicula, especialmente por questão de custo, e em alguns casos, alega-se agilidade, necessidade de uma produção rápida.
A questão de custo é imbatível, e por um motivo muito simples. Em geral a emissora não cobra do cliente a gravação do spot. Que custo pode concorrer com zero?
Quanto à agilidade também é difícil concorrer, mas a produtora pode chegar muito perto, pois as emissoras já recebem há algum tempo os arquivos digitais, que podem ser enviados por e-mail.
Qual então o problema de gravar o spot direto na emissora?
A limitação é uma delas. A produção não é personalizada. A voz geralmente é a mesma de muitos anúncios, alguns veiculados em seqüência. Não é uma produção tão bem cuidada quanto numa produtora de áudio, não por falta de talento dos sonoplastas das emissoras, que são profissionais da melhor qualidade, visto, ou ouvido o que oferecem ao ouvinte em suas vinhetas e chamadas, mas pela falta de exclusividade de serviço. O comercial é feito em meio a muitas outras atividades.
Tem ainda a questão fiscal e social. Ao fazer um spot, a produtora de áudio gera um serviço tributável. Arrecada impostos por isso, o que não acontece na rádio, que fatura apenas a veiculação do anúncio, serviço de sua natureza. Tente imaginar o volume disso por todo o país.
Numa produtora, há a possibilidade de o spot usar músicos, cantores e locutores, certamente técnicos e diretores, e ainda que use trilhas sonoras já gravadas, o locutor será diferente do que a emissora oferece repetidamente.
Mas e o locutor da emissora, fará o que? A gravação de chamadas, vinhetas, oferecimentos... Representando a emissora e não o anunciante, razão pelo qual foi contratado. É verdade que pode haver uma redução de sua remuneração, pois algumas Rádios pagam uma pequena verba, pequena mesmo, por comercial gravado, que somados ao final do mês representam algo significativo, mas não é sempre que isso ocorre, e seriam facilmente cobertos pelas oportunidades abertas nas produtoras e com menor desgaste.
O anunciante ganha em exclusividade, atenção e melhor entendimento do ouvinte, qualidade, e facilidade na verificação de seu comercial. Imagine conferir o trabalho de cada emissora, se o texto foi corretamente gravado, quando apenas numa única produção isso pode ser checado.
O ouvinte ganha ao ouvir mais talentos, maior riqueza na produção, o que tornará sua experiência de ouvir rádio ainda melhor e menos repetitiva.
Mas quem pode mudar isso é o anunciante, talvez estimulado por sua agência. Motivos não faltam, principalmente sua marca, seu produto, sua ideia, especialidade da produtora de áudio.
Quantas vezes eu não me lembrei ao fazer algum trabalho da voz de Paulo Goulart dizendo “voa vento, voa” de um comercial da Texaco. Procurava desenvolver algo semelhante àquela interpretação emotiva, forte, mas serena. Poderia escolher Becel ou Itaú, que segundo as muitas homenagens, eram comerciais mais conhecidos. Mas a minha referência era esta da Texaco. Está aí uma boa palavra, referência.
Paulo Goulart, famoso ator, que começou no rádio, faleceu dia 13 após batalha contra o câncer. Lamentável.
Mas por ser referência, após 81 anos, ele vive em outros que o tem como exemplo de Locutor.
Já tratei neste humilde espaço de inspiração, tanto de profissionais da voz, como de músicos.
Hoje tratarei daqueles que são referência, mas não de carreira, e sim, de estilo, técnica.
Eles não sabem quem são, mas são cientes que dão aula para milhares de alunos espalhados por este enorme Brasil de locutores e atores.
Mas cada um tem suas referências, que faço questão de distinguir de inspiração, que para mim é algo que acontece naturalmente, enquanto a referência é buscada, pesquisada.
Eu não faço uma locução para um vídeo motivacional sem lembrar de Antonio Viviane e seu estilo consagrado neste segmento. É claro que ele atua muito bem em outras áreas, mas para mim é neste segmento que o tenho como referência.
Quando penso numa locução amigável, macia, não há como não lembrar de Baiano, o Luiz Eduardo. Fábio Cirello e sua locução para Coca-Cola nos anos 1990 mudaram muito minha forma de fazer o meu trabalho. Alberico Sobreira é outra referência nesta praia amiga, que no caso dele, além de amigável, vem com energia.
Edinho Moreno e KK, Carlos Henrique Corrêa, já que tem tantos Kakás, são referências quando se pensa numa locução que flui naturalmente com uma pitada de bom humor, mas sem perder em nada a credibilidade, a certeza de estar dizendo algo que será usado para uma vida melhor.
Pra fechar, me lembro que ao gravar um comercial em 1997 ou 1998 para a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes em Pernambuco, sobre a transferência de um Lixão que atrapalhava o Aeroporto por causa dos urubus, ao fim, Marcelo o diretor da peça na XRBM, ex RB, pediu uma voz ainda mais grave. Fui buscar no diafragma. O resultado foi algo que lembrava Walker Blaz.
Daí pra frente um número enorme de pedidos para que eu usasse este tipo de voz nos mais diferentes comerciais, como trailers de filmes e varejo de automóveis, num estilo que fundia a importância da notícia com a oportunidade da publicidade.
É claro que nos casos dos trailers, Jorge Ramos também foi uma referência, provavelmente a voz mais famosa atualmente neste segmento. Há quem diga nos bastidores, que ele, Jorge, por sua vez, teve como referência Ramos Calhelha, e por isso devia parar de reclamar tanto de seus imitadores, que não são poucos. Pelo jeito todos tem suas referências, profissionais para estudo e pesquisa.
A imitação tem seu momento certo. Para mim são referências. Vale-me o estilo, a técnica, o estudo, especialmente por que todos os citados são muito bem sucedidos e devem ter o seu trabalho desenvolvido, aprimorado, por que estão entre os melhores no que fazem.
Muito obrigado mestres.
Na semana passada já mencionei o diretor Hermes Bruchmann. Então mais ou menos como sequência do assunto, por ocasião do carnaval, postei no Soundcloud um trabalho que fiz em 1999 para a New Zelão do Shopping Aricanduva, com direção do próprio Zelão. Nesta experiência, como se tratava de uma liquidação e ainda embalada por uma marchinha, entrei com a característica locução varejo, bem pra cima.
De imediato Zelão mudou o rumo e pediu uma locução standard, e explicou que o jingle daria conta da animação. E assim foi.
Há mil maneiras de dar conta de uma locução. Muitas vezes o resultado até surpreende o diretor, superando as expectativas dele sobre as possibilidades de um determinado trabalho, em especial os emotivos, que tem tantos caminhos. Por isso, quanto maior o repertório do locutor, melhor. Mas da direção vem a última palavra, que começa já na escolha de quem pode dar conta do que ele tem em mente.
É impressionante o que um bom diretor consegue arrancar do profissional da voz, muitas vezes uma performance que este desconhecia. Já aconteceu comigo muitas vezes, sou o que chamam de dirigível, inclusive com diretores mais jovens. O resultado é impressionante. Um exemplo foi um anúncio para a Mix FM. Pena que não tenho este trabalho. Foi demais!
É uma troca de conhecimento muito saudável, onde todos crescem e a nossa publicidade fica cada vez melhor.
Basicamente tratei aqui de peças que vão para o rádio, mas vale para o vídeo e tv, onde as atribuições do diretor só aumentam: como serão captadas as imagens, os atores, depoimentos, cortes, edição, efeitos... se somam a trilha, ao jingle e a locução comuns do rádio.
É tarefa para pessoas muito especiais.
Obrigado Diretores!
Certa vez no final dos anos 1990, Hermes Bruchmann, após me dirigir em mais um trabalho na Matel, logo após a gravação veio comentar: “você deve curtir muito música, não?” “Essa sua preferência faz muito bem à sua locução”.
Até então não tinha pensado nisso, e também não sei o que em minha locução despertou tal comentário deste diretor. Mas gostei muito de ouvir e achei que ele podia ter razão, mesmo sem entender direito.
Hoje eu tenho certeza de que a afirmação estava correta.
Assim resolvi dividir algumas influências.
A primeira delas que vem à memória, foi de um Especial da Rede Globo do início da década de 1970. Nos dias seguintes não saia da minha mente a música Candy Man.
E não é somente a voz que influencia. Na verdade acredito que seja a musicalidade, o ritmo, a harmonia, e claro, toda arte e visual montada em cima da trilha e o destaque aos artistas.
Já Burt Bacharach, apesar de contar com excelentes interpretes, destaca-se pela criatividade em arranjos sofisticados, modernos. Também acho que foi na televisão que soube dele, mas não me recordo.
Esses são dois registros de infância mesmo. Não sei de onde saiu este gosto, pois minha avó não ouvia nada, e meus tios ouviam Roberto Carlos ou Padre Zezinho, e nenhum dos dois me chamava a atenção.
Os mais recentes e desde a adolescência, dividirei em outra oportunidade e são muito significativos. Mas acredito que a base foi desses dois.
O fato é que não há como ver um Show de Aretha Franklin, Chaka Kahn, Al Jarreau... E não sentir o desejo de usar o talento vocal. Como não canto absolutamente nada, a Locução é uma boa alternativa.
Mas falando sério, ouvir boa música melhora a Locução.
Na CBN, por exemplo, dificilmente o locutor grava sem ouvir a trilha junto. É uma técnica usada em muitos estúdios que dá muito certo. Faça uma gravação com e sem música de fundo e compare os resultados.
Mas são duas coisas distintas, a formação do gosto musical e sua influência na maneira de falar, e a ajuda do BG no momento da gravação. Um é da personalidade e o segundo de momento, mas com efeitos que dependem do primeiro.
Pra finalizar deixo links dos dois mencionados. Forte abraço!
http://www.youtube.com/watch?v=AYihDAhVPko
http://www.youtube.com/watch?v=fKg2ylPC7a0
http://www.youtube.com/watch?v=MwdU5JnBJ5U
O Rádio já foi o meio de comunicação mais importante.
Continua importante.
Em São Paulo, por exemplo, são milhões de ouvintes.
Que me perdoe o restante da equipe, mas os Locutores são essenciais neste magnífico veículo.
O Rádio se ouve. O Locutor é sua identidade, representa-o.
É verdade que tem a Técnica, a Transmissão, a Programação Musical, a Redação, a Reportagem, a Plástica, a Produção, a Direção, mas isso tudo acaba na ação do Locutor com o ouvinte.
Se eu estiver certo, por que então tem Locutor em Rádio paulistana ganhando menos que um operador de telemarketing? Meu respeito também a estes. O exemplo é aleatório. Poderia ser qualquer outra atividade de remuneração semelhante, e esta geralmente paga a iniciantes na carreira, e sem experiência ou especialização, diferente da maioria dos Locutores de Rádio.
O exemplo dado, por acaso, também trabalha com a voz, mas individualmente. Responsabilidade reduzida no mínimo por milhares numa comparação simples.
Dependendo da Emissora, uma veiculação de dois ou três anúncios, paga todo o mês de trabalho do Locutor.
Não tem algo errado?
Nas emissoras jornalísticas ainda há uma grande equipe, mas nas musicais, maioria, o que dizer?
Talvez a síndrome da vitrine e da fama justifique para alguns. Segundo a imprensa, um famoso programa de tevê pagava as suas bailarinas um salário mínimo por mês, cerca de R$600 na época, mas estas poderiam ganhar R$20.000 num evento por sua fama. Isto explica? Justifica?
As remunerações hoje levam em conta conseqüências da atividade que não tem a ver com a finalidade principal. São ganhos indiretos e nem sempre existentes.
Sei que não adianta muito este texto, pois muitos optam pelo prazer, pela fama, e mesmo por necessidade, e se submetem a remunerações indignas, se comparadas com a importância de seu trabalho. Mas a queixa está aí, e claro, não é dirigida a quem se submete, mas principalmente a quem tem a coragem de oferecer.
Uma vergonha!
Não é só uma voz;
Não é apenas o momento, alguns segundos, minutos.
Tem a interpretação;
Que vem com o conhecimento, o viver, a experiência;
Enriquece nas mãos do observador.
Quanto maior o conhecimento, a pesquisa, o tempo...
Tem o significado, tem o alcance;
Um só ouvinte que tomará a decisão;
Dezenas, centenas que agirão;
Milhares de milhares, milhões!
Público. Povo. População.
Tem a exclusividade do talento individual, único.
Não é uma máquina, não é comum, nada de série.
Impressiona, seduz, convence.
É confiável, amiga;
Clara e bela.
Forte ou suave... Encanta.
Parece fácil e talvez possa ser;
Mas tem que ser correta. Certa.
Tem valor. Não só pelo que faz, mas pelo que fará...
Necessária, desfaz o vazio, chama a atenção;
Fala, chega, explica, faz saber.
Emoção, sentimento, identidade, razão.
Muito prazer.
Eu sou a...
Locução.
Em quanto tempo um locutor deve gravar um texto?
Quantas horas por dia ele deve trabalhar?
O Expediente é de segunda a sexta-feira?
E no feriado?
Se for um locutor de rádio, a resposta é fácil: geralmente trabalha seis dias por semana, quatro horas no ar e uma a disposição para gravações, por exemplo. Isso inclui os feriados como Ano Novo, Natal, Carnaval, Sábado, Domingo...
Já o Locutor Publicitário evidentemente não responde a um horário de expediente fixo. Eu já fui chamado às duas da manhã ou às cinco. Muitas vezes aos Domingos. Claro que são clientes que estão sempre comigo e trabalham muito bem.
O tempo de entrega da gravação também deve ser levado em conta no atendimento. Quem trabalha com a internet leva uma vantagem enorme. Em alguns casos, em dez minutos a gravação está com o contratante, seja uma produtora de áudio ou vídeo, uma agência ou emissora de rádio e tv.
Celular, telefone fixo do estúdio, de casa, e-mail, sms... Tudo à disposição para que o cliente localize e confirme o envio do texto a qualquer momento, e fique tranqüilo quanto à realização de seu trabalho.
E tem mais uma novidade: direção à distância através de viva voz e gravação em tempo real. E projetos de câmeras para visualizar e também facilitar a direção.
Mas nem todos os locutores são assim. Alguns marcam o dia e a hora pra gravar. Não gravam a noite ou feriado, muito menos de madrugada, e preferem gravar no estúdio do cliente. Normal. Não misturam hora de trabalho com a de descanso, da família, viagem... Louvável.
Falando em viagem, até nesta situação é possível gravar. Quando fazia as ofertas do Carrefour para a tv em São Paulo, em 2002 e 2003, vários comerciais eram gravados na semana, mas sem horário ou dia certo. Imprevisível. Então estava na Rodovia Castelo Branco a 200 quilômetros de casa e a 200 quilômetros do destino, e a gravação devia ser feita na hora, pois tinha horário certo para chegar a Rede Globo. Eu tinha um notebook com conexão à internet móvel, interface de áudio e microfone próprios para este atendimento. E assim foi. Cliente atendido. Claro que isso graças a uma família compreensível, que entende esses intervalos no momento de diversão.
Numa outra situação semelhante, a curiosidade eram as praças: a Locução foi gravada do interior de São Paulo, e a peça foi montada no Rio de Janeiro e o comercial foi veiculado em Fortaleza. Não é demais! O telespectador nem se dá conta destas particularidades da produção.
E Campanha Política então? Dois ou três meses (se segundo turno) à disposição 24 horas por dia, todos os dias, seja no local do cliente em outra cidade e até estado, ou mesmo pela internet. Imagine-se numa Locução empolgada às três da manhã, falando do avanço nas pesquisas de seu candidato.... É isso aí.
E aqui mais uma curiosidade sobre a qualidade do atendimento: em certa Campanha Política, das boas mesmo, um incrível elogio que ouvi foi: “ ...Um prazer trabalhar com você. A gente chama, você vem na hora e chega sóbrio.” É mole!? Isso foi nos anos 1990. Espero que tenha melhorado.
Ficam aqui estas curiosidades e opções de atendimento, que fazem toda a diferença, tanto pra quem oferece como pra quem contrata. Bom trabalho!!!
À disposição.
Todos os dias novos profissionais ingressam no mercado.
Locução ainda não se aprende na universidade. Não existe um módulo para isso.
O estudante conclui Rádio e TV, Publicidade ou Jornalismo, mas não está preparado para a Locução.
Talvez a Faculdade de Artes Cênicas seja a que pode chegar mais perto, mas mesmo assim não cobrirá o extenso campo de atuação de um profissional da voz.
Assim, quem deseja se formar em Locução deve buscar cursos complementares, técnicos, independente do curso de nível superior.
O SENAC e a Rádio Oficina são as escolas mais famosas aqui em São Paulo, e as mais recomendadas.
Tem ainda o Espaço Renoir Comunicação e Arte, em que atua o Professor Pedro Barreto, mais específico para publicidade, mas com aulas também para Jornalistas e quem deseja se expressar profissionalmente em Rádio e TV.
Mas além da técnica, tenha sempre em mente a importância de seu papel ao representar uma emissora. Imagine a responsabilidade de um locutor ao vivo a frente de uma rádio, por exemplo. Quão importante é o papel deste profissional. O mesmo ocorre com quem representa marcas, idéias, conceitos, personalidades, através de anúncios publicitários. Você fala com milhões de pessoas sobre um produto. Sua interpretação pode ser a responsável pela venda de milhares e milhares de unidades de certa mercadoria. Mais que isso, o conceito que o público tem a respeito daquela marca, que é formado por um longo tempo de exposição.
Não se deixe enganar pelo discurso de que tem muitas vozes no mercado, e que qualquer um estaria louco pra estar no seu lugar fazendo aquilo, e que por isso você deve fazer o seu trabalho por um valor mais baixo do que vale. Se vierem com essa conversa, nem se incomode, pois o tal não respeita a sua emissora, produtora, agência, e muito menos as marcas que estão sob seu cuidado. Se alguém atendê-lo, estará colaborando para a desvalorização do meio e, portanto, para o seu próprio fim.
Se a profissão de Locutor, principalmente a de Publicitário, é hoje admirada e uma boa alternativa de trabalho, é graças aos profissionais que bem antes de nós trabalharam para tanto. Isso merece nosso respeito. Devemos trabalhar para manter e ampliar essa condição.
Seja bem vindo.